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CIDA BETIATTI: A história de quem, no café e na educação, sempre teve papel ativo e nunca desanimou, nem com uma tripla jornada de trabalho

Saiu no site AGRO MULHER:

 

Veja publicação original: CIDA BETIATTI: A história de quem, no café e na educação, sempre teve papel ativo e nunca desanimou, nem com uma tripla jornada de trabalho

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Por Andréa Oliveira

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Nascida no Paraná, Cida Betiatti desde jovem trabalha na lavoura com os pais e as irmãs. Formou-se professora, chegou a ter tripla jornada de trabalho, veio com o marido para Minas Gerais, mas jamais deixou a cafeicultura, uma de suas paixões, e diz: “a cultura do café é uma questão de amor da família” 

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Cida, conte-nos um pouco de sua história… 

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Sou natural de Apucarana (PR). Meus pais são cafeicultores e cresci ajudando-os na lavoura. Tenho mais quatro irmãs que também cresceram auxiliando meus pais, por não termos irmão homem crescemos fazendo todo tipo de serviço na roça. Em paralelo ao trabalho na cultura do café iniciei meus estudos e me formei professora. Casei aos dezoito anos e meu esposo também cafeicultor, dividia meu tempo com a família, à roça, aos estudos e à profissão de professora. Mesmo com o foco na cafeicultura, enfrentamos ações climáticas (geada) que nos levou a ter outra profissão para poder manter a família e os custos da lavoura.

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Como foi o início de sua carreira profissional? 

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Meu trabalho na lavoura começou muito cedo ainda criança limpava os troncos dos pés de café. Na época a colheita era manual e auxiliava em todas as outras tarefas que uma criança conseguia. Os anos passaram fiz uma graduação em Ciências Biológicas e especialização em Biologia e Administração, Supervisão e Orientação, por mais trinta anos continuei com tripla jornada de trabalho. No ano 2.000 nos aventuramos e viemos para Minas Gerais, meus pais, as famílias de minhas irmãs e meu esposo em busca de um café de qualidade e de situações climáticas mais favoráveis. Continuei no Paraná onde cuidava de um sítio que lá tínhamos e meu esposo plantando café em Minas Gerais. Há seis anos me aposentei como professora e toda a minha família agora juntos dedicando-se a cafeicultura, esposo, filhos e nora.

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Como é seu dia a dia no trabalho? 

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Hoje continuo me dividindo entre a família e a cafeicultura. Trabalhamos juntos na administração e nos afazeres que surgem a cada instante quando se trabalha com a dinâmica da fazenda. É um desafio o encontro de gerações, juntos no agronegócio onde com muito diálogo e planejamento consegue-se chegar ao senso comum. A mulher tem papel fundamental nesta trama de ideias tão expressivas e diferentes, pois por natureza tem um poder de intermediação. Sou uma pessoa ativa participo no operacional diário da fazenda, minha função principal é monitorar pragas e o bom funcionamento dos setores. Fazemos reuniões quinzenais onde cada membro da família coloca os pontos positivos e negativos, sugere mudanças e planejamos as ações subsequentes cada um dentro de sua função, mas com o olhar no todo. Todos os dias, mesmo com planejamento prévio, passamos a maior parte do tempo resolvendo situações que surgem no dia a dia.

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Quais são as maiores dificuldades e, por outro lado, os pontos mais positivos? 

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 maior dificuldade que encontro é resolver problemas burocráticos como: banco, cartórios, órgãos ambientais e etc… A morosidade parece fazer parte de alguns destes órgãos. Mas por outro lado a satisfação de ser coadjuvante no crescimento do negócio e na valorização de todos os envolvidos é muito estimulante. Começamos com um funcionário fixo hoje contamos com 17 funcionários fixos e mais os temporários que na época da colheita contratamos para a colheita manual. Nossas fazendas são certificadas, investimos em tecnologia e prezamos pelo respeito ao ser humano, pela preservação ambiental e pela qualidade do produto.

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O que mudou no meio em que trabalha desde quando você começou, ou seja, o que está diferente hoje do que era? 

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Quando começamos era muito diferente erámos pequenos produtores, ao amanhecer pegávamos a enxada e fazíamos o trabalho todo braçal. Contamos hoje com máquinas sofisticadas e ao invés da enxada pegamos o computador para o trabalho, a atividade rural virou uma atividade empresarial, onde a organização aparece como foco, seguida da responsabilidade de todos os envolvidos rumo a uma qualidade total.

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Você encontrou dificuldades pelo fato de ser mulher? Quais foram e como foram superadas? 

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A mulher teve que enfrentar diversas barreiras para atuar neste campo profissional ora visto, como não sendo adequado para as mulheres, um pensamento tradicionalista, hoje acredito que nós mulheres conquistamos nosso espaço no agronegócio, somos mais respeitadas. É claro que conquistamos nosso espaço porque buscamos conhecimento para lidar com as situações adversas que estamos expostas no campo, mas estamos aí driblando os acontecimentos e nos mantendo de pé no agronegócio.

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Você é feliz no que faz e o que mais a motiva a continuar? 

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Identifico-me com a cultura do café a qual vivencio desde criança. Sentir que nosso trabalho frutifica e que nossa família trabalha juntos com objetivos comuns observando o bem-estar de todos os envolvidos nos trabalhos, dando ênfase nas questões ambientais e aprimorando a cultura com novas tecnologias, nos enche de satisfação e motivação. As dificuldades nos impulsionam a aprimorar nossos conhecimentos, pois fazemos parte ativamente de um mundo em movimento e em construção o qual o campo é fator decisivo no desenvolvimento de um mundo com qualidade para todos.

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O que o café representa na sua vida? 

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A cultura do café é uma questão de amor da família, nos identificamos com o cultivo e cada vez mais buscamos novos caminhos para produzir um café de qualidade, experimentando novas variedades que se adaptam as mudanças climáticas, e que são resistentes a algumas pragas, assim conseguiremos vencer a grande vilã, pois cada vez apresentam mais resistência. Brinco que a minha profissão agora é pragueira, tenho dois professores que me acompanham e me ensinaram muito quanto ao conhecimento e monitoramento de pragas, meu filho e meu esposo. Esta função é muito importante, controlar a praga no momento certo diminui custos que são altíssimos a cada aplicação e quanto menos usar os produtos de controle melhor para a qualidade que presamos.

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(Entrevista concedida ao jornalista André Luiz Costa / Blog MAS)

 

 

 

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