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Chefe de ponta: uma entrevista com a CEO da Microsoft Brasil

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Veja publicação original: Chefe de ponta: uma entrevista com a CEO da Microsoft Brasil

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Por Maria Laura Neves

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Há três anos no cargo de CEO da Microsoft Brasil, Paula Bellízia trabalha também para aumentar o interesse de meninas pela tecnologia

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Em meados dos anos 1980, Paula Bellízia teve como inspiração as empresas IBM e Microsoft, que revolucionavam o mundo, para cursar computação e ciência da informação na Fatec, em Santos, litoral paulista. Quando chegou à cidade, aos 3 anos, vinda de Angola com a família, esse parecia um futuro improvável. Seus pais – uma dona de casa e um contador portugueses – fugiram do país africano em meio à Guerra Civil na década de 1970. “Tínhamos um padrão de vida alto em Angola e tivemos que recomeçar do zero”, relembra. Na chegada, dividiram apartamento com 22 pessoas até a vida melhorar. Pouco antes de entrar na faculdade, trabalhou como caixa no supermercado do pai, seu primeiro emprego.

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Ela conta que sempre se destacou nas empresas pelas quais passou: Whirlpool, Telefônica, Facebook e Apple Brasil, que presidiu por dois anos. Desde 2015 como a primeira presidente mulher da Microsoft Brasil, a maior subsidiária da América Latina, essa é sua segunda passagem pela companhia – de 2002 a 2012 foi diretora de marketing e operações. No comando de uma equipe de quase mil funcionários, trabalha para aumentar a diversidade de gênero e raça dentro da empresa. Sob seu comando, 42% dos cargos de alta liderança passaram a ser ocupados por mulheres e o quadro de estagiários chegou a 59% de representatividade feminina. E é só o começo.

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MC Como aumentar a participação de mulheres na área da tecnologia?

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PB Fazemos uma série de ações de mercado para incentivar meninas. Temos uma plataforma online de treinamento para jovens aprenderem programação (eupossoprogramar.com). Já chegou a 1 milhão de acessos no Brasil. Fiz com a minha filha [Manuela, 10 anos] e ela amou. Temos que mudar a mentalidade de que a diversidade não é necessária, conscientizando e capacitando. Não existem mais funções para homens e funções para mulheres.

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MC Sofreu preconceito por ser mulher?

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PB Já aconteceu de eu, ocupando um cargo de liderança, estar sozinha em uma sala aguardando uma reunião e a pessoa não entrar achando que eu não era quem deveria ser. Ou, quando entra, fala: “Que hora seu chefe vai chegar?”. As pessoas partem do princípio de que a única mulher da mesa não é a presidente da Microsoft. As mulheres têm a oportunidade de tomar seu espaço. Ainda é preciso trabalhar muito, mas sou otimista.

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MC Você é feminista?

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PB Defendo oportunidades iguais para homens e mulheres. Não creio num mundo onde só haja lugar para as mulheres. Juntos chegamos a ideias e conceitos mais fortes. Acredito também que, para uma mulher ser bem-sucedida, ela não precisa fazer tudo sozinha. Não é preciso demonstrar força o tempo inteiro.

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MC O que você diria a você mesma, 20 anos atrás?

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PB Diria para não me preocupar tanto, para respirar mais, ter mais  calma, confiança e gerenciar a ansiedade do cotidiano. Mas é impossível você falar isso em plena juventude dos 20 e poucos anos.

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Beleza: Carlos Rosa (Capa MGT) com produtos Lóreal Professionnel e Nars /  Produção-executiva: Vandeca Zimmermann / Assistente de fotografia: Aline Lins

 

 

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