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Juízas do DF apontam sexismo em ciclo de palestras e pedem desfiliação da AMB

Saiu no site G1:

 

 

Veja publicação original: Juízas do DF apontam sexismo em ciclo de palestras e pedem desfiliação da AMB

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Por Marília Marques

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A composição desigual de palestrantes no principal congresso jurídico do país levou cinco juízas do Distrito Federal a pedirem desfiliação da Associação de Magistrados Brasileiros (AMB). O seminário, previsto para acontecer em maio, tinha 28 palestras confirmadas até o momento – apenas duas são de mulheres.

O evento tem como foco a participação do Poder Judiciário na política nacional. As únicas mulheres com palestras confirmadas, até esta quarta-feira (4), eram a procuradora-geral da República Raquel Dodge e a senadora Ana Amélia (PP).

Raquel Dodge construiu carreira no Ministério Público e Ana Amélia, antes de entrar para a política, atuava como jornalista. Nenhuma das duas exerce função de magistratura – o que também irritou ao grupo de juízas do DF. Entre os temas do evento, estão as “políticas de inclusão” na Justiça.

“Existem práticas discriminatórias tradicionais no meio jurídico. Não é o primeiro nem será o último congresso com representatividade só de homens, a mulher entra com uma parcela muito pequena”, afirmou ao G1 a juíza Rejane Suxberger – uma das juristas que pediu desfiliação da AMB.

Em nota, a associação disse possuir 14 mil magistrados filiados em todo país, sendo que desse total, 67% são homens e 33%, mulheres. A entidade diz que os palestrantes foram escolhidos por uma comissão, e que “muitos não puderam aceitar por problemas de agenda”.

“Aguarda-se, ainda, manifestação da ministra Cármen Lúcia, que ainda não confirmou presença, entre outras convidadas e convidados. A programação completa somente será fechada no mês de maio”.

Publicação nas redes sociais da juíza mostra pedido de desfiliação da AMB (Foto: Facebook/Reprodução)
Publicação nas redes sociais da juíza mostra pedido de desfiliação da AMB (Foto: Facebook/Reprodução)

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‘Inadmissível’

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Rejane Suxberger é filiada da AMB há 12 anos, e atua como juíza da Vara de Violência Doméstica de São Sebastião. Ela é especialista em ciências criminais, além de mestranda em questões de gênero. Para ela, a baixa representatividade feminina é “inadmissível”.

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“O [Poder] Judicário reflete as atividades estruturalmente excludentes de raça e gênero existentes em nossa sociedade.”

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Programação do Congresso Brasileiro de Magistrados, que acontece em maio (Foto: AMB/Reprodução)
Programação do Congresso Brasileiro de Magistrados, que acontece em maio (Foto: AMB/Reprodução)

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Ao G1, a juíza cível Geilza Diniz disse também sentir o reflexo das “desigualdades de gênero” no Judiciário. Para a magistrada, que também se desfiliou da AMB nesta terça (3), falar sobre o assunto “é importante” e faz parte de um processo de sensibilização.

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“Não pretendemos discutir quem tem mais mérito que o outro, mas é uma questão de viabilizar oportunidades iguais”, afirma.

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“Um bom juiz precisa ser sensível às diferenças.”

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Gênero e raça

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A juíza aposentada Carla Lopes também pediu, nesta quarta (4), para deixar a associação. Para ela, além das questões de gênero, a discussão racial no Judiciário também precisa ganhar força.

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“O racismo institucionalizado acontece em toda sociedade e [em todas as] esferas de poder. No Judiciário, se manifesta também pelo baixíssimo número de magistrados que se autodeclaram negros, e pelo próprio trato das questões relacionadas a racismo”, pontua a juíza.

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“A lei normalmente não é benevolente para que se configure racismo, normalmente os crimes são considerados como injúria racial”.

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Núemro de magistrados no Brasil, em 2013 (Foto: CNJ/Reprodução)
Núemro de magistrados no Brasil, em 2013 (Foto: CNJ/Reprodução)

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Mulheres juízas

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De acordo com o Censo do Judiciário, elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2014, pouco mais de 40% das magistradas que atuam em conselhos superiores identificaram “reações negativas” em outros profissionais da Justiça pelo simples fato de serem mulheres.

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Ainda, segundo o documento, do total de magistrados que ingressaram na carreira, 35,9% são mulheres, contra 64,1% do sexo masculino..

 

O levantamento não detalha informações salariais com base nas diferenças de gênero.

 

 

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