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Veja publicação original: ‘Dentro de cada um’, é a nova faixa do álbum ‘Deus é mulher’ de Elza Soares
Depois de encarnar “A mulher do fim do mundo” — nome do álbum de 2015 que rendeu prêmios e uma turnê que rodou Brasil e o mundo com shows arrebatadores —, Elza Soares renasce como deusa, anunciando não o fim, mas um novo começo, pós-apocalipse. Com lançamento previsto para abril, pela Deck, “Deus é mulher” traz o núcleo do time que trabalhou no disco anterior. Aqui, O GLOBO apresenta com exclusividade a letra de “Dentro de cada um”. Nela, a contundência que dá o tom do álbum.
no O Globo
Dentro de Cada um
A contundência de “Deus é mulher” é irmã daquela presente em “A mulher do fim do mundo”. Há diferenças marcantes, porém, como explica a própria cantora:
— “A mulher do fim do mundo” é muito denso. Deus é mulher tá mais claro, mais aberto. Mas tem muitas respostas, tem letras fortíssimas. Vou continuar falando do racismo, da mulher — conta Elza, no estúdio da Deck, onde gravava as vozes.
Como o álbum anterior, “Deus é mulher” — título tirado de um verso da canção “Deus há de ser”, de Pedro Luís — dialoga diretamente com o momento político e social do país. Em 2015, o Brasil se encontrava convulsionado por pensamentos polarizados e pela onda de reacionarismo que provocava o ar sufocante percebido no álbum. Agora, Elza mira na superação desse momento. Mantém a firmeza da afirmação feminina, mas em vez de ela se mostrar na revolta da mulher que sofre violência do marido em “Maria da Vila Matilde”, ela aparece na mulher que declara seu desejo em “Eu quero comer você” (“Mas eu não quero dizer/ Você precisa saber/ Ler”, diz o frevo de Alice Coutinho e Romulo Fróes).
Além disso, o disco parece apostar mais em costuras do que em rompimentos. “Pra que negar que o ódio é que te abala?/ O meu país é meu lugar de fala”, canta Elza em “O que se cala”, de Douglas Germano. “Língua solta”, outra de Alice e Romulo, traz versos que se afinam no mesmo espírito: “É dia de falar e de ouvir também”.
Além dos compositores citados, o disco inclui músicas de Tulipa Ruiz, Rodrigo Campos, Kiko Dinucci, Edgar, Mariá Portugal, Clima e Pedro Luís — que assina “Deus há de ser”, de onde foi extraído o verso que batiza o álbum. As bases foram gravadas em São Paulo, no estúdio Red Bull, sob o comando do produtor musical Guilherme Kastrup e do diretor artístico Romulo Fróes. Eles reuniram músicos como Marcelo Cabral (baixo e bass synth), Rodrigo Campos (cavaquinho e guitarra), Kiko Dinucci (guitarra, sintetizador e sampler), Mariá Portugal (bateria, percussão e MPC) e Maria Beraldo (clarinete e clarone).