Saiu no site PENSAR CONTEMPORANEO:
Veja publicação original: Aluna bolsista da PUC faz discurso de formatura e viraliza na rede
“Gostaria de falar sobre resistência. De uma em específico, a que uma parcela dos formandos enfrentou durante sua trajetória acadêmica”.
É assim que começa a fala de Michele Maria Batista Alves, formanda do curso de direito da PUC/SP. Num discurso efusivo a estudante foi descrevendo a trajetória dos estudantes bolsistas, que como ela, vieram das classes menos favorecidas e enfrentam uma batalha a cada dia contra o preconceito, a discriminação e a falta de recursos.
Michele, de 23 anos, é natural de Macaúbas, cidade de 50 mil habitantes no centro-sul baiano e reside em Itapevi, cidade da grande São paulo, desde os 12 anos de idade. A moça da periferia fez o mesmo percurso que fazem milhares de jovens das classes excluídas que se atrevem a furar o bloqueio. Alguns não suportam e vão ficando pelo caminho, mas os que resistem sabem que muitas batalhas terão que ser travadas diariamente contra a estupidez, a arrogância e a desumanização dos que se consideram imortais.
No discurso ela destaca o trato dado a esses jovens pelos colegas das classes privilegiadas e denuncia que esse tratamento é reforçado até por professores. Em conversa com a revista Nova Escola, Michele ressalta que o ambiente da universidade não é preparado para receber e integrar os alunos bolsistas. Sabemos que é verdade, que nunca houve essa preocupação e esse descaso funciona como uma das primeiras barreiras colocadas com o intuito de afastar os “intrusos”.
A resistência de jovens como a estudante Michele começa bem antes de alcançar a universidade. Ela estudou em escola pública, como todos os outros e essas instituições não têm a mínima estrutura para preparar esses jovens para essa idealização. Como ela mesma comenta com a revista NE, são escolas sucateadas, sem os recursos mais básicos como água e banheiro, onde se torna impossível aos professores transmitirem algum conhecimento aos alunos.
Sobre o discurso que lhe rendeu minutos de aplausos no evento da formatura, ela conta que escreveu na noite anterior e que teve que ler várias vezes em casa até conseguir fazer isso sem chorar. “Fiz o texto numa única noite. Chorei muito. É um relato carregado de histórias não só minhas, mas de todos os bolsistas, que eu revivia conforme ia escrevendo. Ensaiei 12 vezes e só na última consegui ler sem chorar”, conta.
Veja abaixo o vídeo com o aclamado discurso da formanda
Fonte: Nova Escola