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Veja publicação original: Inspiradas nos EUA, as chinesas rompem a submissão e denunciam assédio sexual
Por temperamento e tradição, mas também por imposição do regime político e social obscurantista sob o qual vivem, os chineses são bastante reservados sobre fatos que se referem à vida pessoal, sobretudo quando envolvem superiores hierárquicos – e as chinesas, particularmente, são ainda mais submissas, discretas e caladas. Por isso causou tanta surpresa a decisão de um amplo grupo de universitárias da China que, na semana passada, tornou pública a sua adesão ao Movimento #MeToo, nascido nos EUA a partir das denúncias de atrizes que foram vítimas de assédio sexual em Hollywood. Diversas ativistas chinesas estão tendo a coragem de romper um longo e dolorido silêncio e, na quarta-feira 31, divulgaram uma pesquisa do Centro de Educação Sexual de Guangdong: 68,7% das entrevistadas, em vinte e seis das principais universidades do país, relatam que sofrem ou sofreram algum tipo de abuso ou assédio praticados por professores ou diretores das faculdades.
Há casos, no entanto, em que os assediadores são os próprios colegas de curso. A universitária Zhang Lei Lei, que viu o seu slogan explodir nas redes sociais (“sedução não é desculpa para a sua mão de porco”), resolveu informar que tanto ela quanto outras alunas são sistematicamente espionadas pelos companheiros de turma quando utilizam os banheiros da Universidade de Wuhan.
O principal objetivo das líderes do movimento, por enquanto, é conseguir a inclusão do assédio sexual na mesma lei que já criminaliza no país as agressões físicas e psicológicas que eventualmente um marido venha a infligir à sua mulher no ambiente doméstico. A julgar pelo barulho que as chinesas começaram a fazer nas redes sociais, essa meta será rapidamente alcançada.
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