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Veja publicação original: Como a mulher pode se proteger do assédio durante o carnaval?
Por Gabriela Brito
Se você gosta de carnaval, muito provavelmente já está se programando para curtir um bloquinho ou desfile de escola de samba nos próximos finais de semana. Vai precisar escolher uma roupa também, se decidir entre peças mais frescas para aguentar o calor ou uma fantasia mais produzida para curtir a folia. Não dá para esquecer também das dicas para evitar ser furtado durante a muvuca. Mas, se você é mulher, há também outra preocupação: como evitar o assédio?
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A violência contra mulher acontece todos os dias do ano, mas a concentração de pessoas gerada pelos blocos de carnaval e desfiles de escola de samba cria um ambiente propício para o problema. Pensa bem, que mulher que você conhece que nunca vivenciou ou presenciou um caso de assédiodurante o carnaval? Muito provavelmente, todas, inclusive você, já passaram por isso, mesmo que da forma mais banalizada pela sociedade.
Em entrevista ao Delas , as advogadas Ana Paula Braga e Marina Ruzzi, do escritório de advocacia especializado em direito das mulheres e desigualdade de gênero Braga & Ruzzi, explicam que, primeiro de tudo, é importante lembrar que o assédio nunca é culpa da vítima. Desta forma, não importa a roupa que a mulher está usando, se ela está embriagada ou dançando de forma sensual. “Nada justifica o assédio. Não devemos ensinar as mulheres a se proteger, e, sim ,os homens a respeitar”, afirmam em nota enviada à reportagem.
O que é possível fazer para tentar evitar a aproximação agressiva de uma pessoa é andar sempre em grupo, para que amigas e amigos possam ajudar caso algo aconteça. Algumas mulheres também têm o costume de levar um apito ou instrumentos que façam som para alertar as pessoas em volta de que algo errado está acontecendo.
As advogadas também recomendam, caso um homem chegue de forma invasiva, a mulher deixar claro que não está gostando e pedir para que ele pare. “Em último caso, é importante lembrar que os foliões têm sempre amparo policial e das guardas municipais, de modo que se algum homem estiver agindo de maneira muito insistente, é possível procurar auxílio dessas autoridades.”
Fui assediada, o que fazer?
Caso a mulher seja vítima de algum assédio ou qualquer tipo de violência, ela pode procurar algum policial ou segurança para relatar o caso e pedir ajuda. Ana Paula e Marina explicam que, se for possível identificar o agressor, a mulher pode também ir a uma delegacia de polícia registrar um boletim de ocorrência, pedindo expressamente para que seja aberta uma investigação para apurar os fatos e punir o agressor.
A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) afirma em nota que conta com 133 Delegacias de Defesa da Mulher, sendo nove delas localizadas na capital. A denúncia, entretanto, também pode ser feita em uma delegacia comum, mas se for possível encontrar uma especializada, é melhor.
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A nota também afirma que a Polícia Civil vai reforçar o efetivo para o atendimento nos dias e regiões em que houver blocos de carnaval. “Sobre as orientações de sites ou grupos particulares [para mulheres se protegerem] é considerado válido as atitudes que contribuem à proteção dos frequentadores das festas de carnaval, desde que não contrariem a legislação vigente. A Polícia Militar acrescenta que ações são desenvolvidas em todo o Estado, a fim de garantir a segurança dos foliões e de toda a população”, encerra a nota.
A secretaria, porém, não tinha nenhum especialista disponível para conversar com a reportagem sobre o assédio no carnaval e como as mulheres podem se proteger de possíveis agressores.
Coleta de dados para cobrar ações
Considerando especificamente o Estado de São Paulo, a SSP divulga as estatísticas de violência contra as mulheres mês a mês em seu site. No mês de dezembro do ano passado, por exemplo, foram registrados 902 casos de lesão de corporal dolosa na capital, 650 ameaças contra mulher, 17 estupros consumados, 8 estupros de vulnerável, um estupro tentado, uma tentativa de homicídio e um homicídio doloso. Por outro lado, não há registros dos casos de assédio que ocorrem especificamente durante as festas de carnaval.
A mesma falta de dados foi verificada em outros Estados por grupos de mulheres, que se uniram em uma campanha chamada #AconteceuNoCarnaval. A ideia é que mulheres que forem assediadas durante o carnaval relatem o caso no site da iniciativa para que estas mulheres possam reunir estes dados e cobrar do poder públicos ações efetivas para combater a violência contra as mulheres.
Mas estes grupos não estão apenas à espera do que vai acontecer. De acordo Karolina Bergamo, jornalista e mobilizadora da Minha Sampa, que participa da campanha, a rede também conseguiu apoio de 80 voluntárias para distribuir “fitinhas da sororidade” e adesivos em blocos de São Paulo para que mulheres possam colocá-los e se reconhecer e se ajudar no meio da multidão mesmo sendo desconhecidas.
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Ficar de olho no que está acontecendo a sua volta também é uma forma de evitar que outra mulher seja agredida ou assediada. Muitas mulheres, ao sentir que outra mulher está em situação de vunerabilidade e um homem está sendo agressivo com ela, fingem que conhecem essa pessoa que está sendo assediada ou violentada para se aproximar e tirá-la da situação.
Como diz Karolina, é “uma mulher ajudando a outra”. Haverá também cartazes pelos pontos mais movimentados do carnaval para conscientizar as pessoas sobre o problema do assédio, mas o mais importante talvez realmente fique só para o ano que vem. “Evitar é mais complicado, a ideia da campanha é do ano que vem pressionar a prefeitura para uma ação mais efetiva, uma campanha para conscientização dos próprios homens”, completa a jovem.