Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE :
Veja publicação original: Gabriela Duarte fala sobre assédio: “Queremos respeito em todos os sentidos”
A atriz viverá a rainha do café em ‘Orgulho e Paixão, próxima novela das 6, da Globo, e conversou com Marie Claire sobre a carreira, maternidade e vida após os 40: “Comecei a ter uma visão mais otimista depois dos 43”
abriela Duarte, 43 anos, está prestes a retornar às telinhas para dar vida a uma personagem importante na próxima novela das 6, Orgulho e Paixão. Ela viverá Julieta, a Rainha do Café, e conta que a sensação é “uma mistura de pânico e prazer”. A atriz, inclusive, nem sempre dá as caras na TV, mas confessa que é mais seletiva para papeis nos palcos. “Tem que ser paixão fulminante, necessidade de dizer aquele texto todas as noites. Tem que fazer sentido e ter propósito”, diz em entrevista exclusiva a Marie Claire.
No bate-papo, Gabriela, que é mãe de dois meninos, revela como a maternidade foi um divisor de águas em sua carreira, fala sobre a vida após os 40 e chama atenção para a importância quando o assunto é o assédio. “Não podemos passar por isso, seguir nesse modelo e ficar caladas.”, confira:
MARIE CLAIRE: Na novela você vai interpretar uma mulher poderosa, em uma novela de época, como é para você?
GABRIELA DUARTE: Uma mistura de pânico e praze. O desafio tem varias facetas. É bom, mas dá medo, então estou assim nesse momento. Gravei pouco até agora, mas já posso dizer que estou apaixonada pela Julieta.
MC: Sua personagem é uma mulher forte. O que você tem em comum com ela?
GD: A determinação. A fé de que com esforço e dedicação posso fazer qualquer coisa, conquistar o que eu quero, sem depender de nada e nem ninguém.
MC: Como foi a preparação?
GD: Fizemos muitas leituras juntos, com a presença da direção e dos autores. Tenho assistido a muitos filmes da Jane Austen e também tudo relacionado à época (1910).Tem sido bem divertido e desafiador.
MC: O que mais pesa para você na hora de escolher um papel. É muito seletiva?
GD: Sou mais seletiva com relação a teatro, porque acho que para estar no palco tem que valer muito a pena. Tem que ser paixão fulminante, necessidade de dizer aquele texto todas as noites. Tem que fazer sentido e ter propósito. No teatro, eu escolho o texto, o personagem que me interessa naquele momento ou que eu sempre quis fazer. Na TV é diferente. Nem sempre temos o poder da escolha, como no teatro. Procuro me divertir com o que me oferecem e me entrego intensamente. Tenho tido muita sorte até hoje. O desejo é poder mudar sempre. Ir para outros caminhos que ainda não fui. Experimentar tudo. Eu sou muito aberta a isso.
MC: Qual foi seu papel favorito na TV?
GD: Não dá – realmente não dá – para escolher só um. São vários. Entre eles: a Eduarda de Por Amor, a Chiquinha Gonzaga, a Jessica de Passione, a Justine de Esperança, todas as personagens deAmor Verissimo (GNT)… Elas todas me ensinaram coisas inacreditáveis me deram muita alegria.
MC: Você enxerga a carreira hoje em dia da mesma forma que antigamente?
GD: Costumo dizer que a maternidade é um divisor de águas na minha carreira. Então, não posso enxergar da mesma maneira, porque em 26 anos de profissão, fui mãe 2 vezes. Vivia para trabalhar, e hoje minha prioridade são meus filhos. Mas meu trabalho hoje tem mais qualidade do que antes. Se é para sair de casa, pegar a ponte-aérea toda semana, etc, tem que valer a pena. Então faço valer.
MC: O que você acha dessa onda de denúncias sobre assédio?
GD: Qualquer tipo de assédio é inaceitável. E isso precisa acabar. Queremos respeito em todos os sentidos. As denúncias são importantes e fundamentais. Não podemos passar por isso, seguir nesse modelo e ficar caladas. As mulheres foram caladas por muito tempo. É doloroso passar por isso. Essa onda de denúncias só mostra como os tempos são outros e que não vamos mais permitir que aconteça. As mulheres estão caminhando juntas e isso é muito bonito. Nos dá mais força. Existe uma grande diferença entre ser cortejada e sofrer assédio. E uma palavra bem simples difere um do outro: “o não”. Nós queremos respeito. E os movimentos feministas são importantíssimos. Justamente por nos dá apoio e mostrar que não estamos sozinhas.
MC: Você mora em São Paulo com os filhos, como é viver em ponte-aérea?
GD: Já me acostumei, mas é uma logística complicada e cansativa. Por outro lado, amo o Rio e gosto de “ter que passar um tempo lá” por causa do trabalho. Muitas vezes levo os filhos e o cachorro, e dá tudo super certo. Aí começo a chamar de privilégio.
MC: Atualmente, você está com 43 anos. Era como você esperava que seria? Sente alguma pressão pela idade?
GD: Confesso que me senti muito esquisita antes de entrar nos 40. Não sabia explicar o que era, mas era estranho. Hoje, com 43, me sinto bem mais tranquila e segura. Mas que tenho vivido o momento com muito mais intensidade, isso eu tenho. Tinha uma cobrança maior minha. Fiz um balanço da vida. Pensei muito no próximos 40, mas não senti pressão pela idade, nem estética. Comecei a ter uma visão mais otimista depois dos 43.
MC: Como você enxerga sua vida daqui dez anos?
GD: Com leveza e alegria. Vou adorar fazer personagens condizentes com meus 50 anos, fortes, engraçadas, malucas, sei lá… mas tenho a sensação de que o melhor ainda está por vir.
MC: Quais seus cuidados com a beleza?
GD: Os básicos. Corrida e musculação três vezes por semana, uns bons creminhos que eu amo e, mais do que nunca, tenho me preocupado muito com a espiritualidade. Tiro sempre um tempo do meu dia pra ficar em silêncio, respirando e meditando. Acredito que precisamos equilibrar o corpo e a mente. Eu fui ficando assim. Essa necessidade foi se impondo na minha vida de uma maneira gostosa. Eu sinto a necessidade de me realinhar. Observar a respiração. Isso restaura nossa energia.
MC: Nessa correria toda, existe algum momento para a Gabriela? O que você gosta de fazer quando está sozinha?
GD: Gosto muito de ir ao cinema sozinha. Também adoro ficar em casa, arrumando minhas coisas e ouvindo música. Silencio também é essencial de vez em quando, então, às vezes, gosto de pegar um livro e ficar lendo ou folheando, anotando coisas ou sublinhando partes que me interessam no livro. Amo!
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