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Mulheres cada vez mais conquistam o direito à sexualidade

Saiu no site PSIQUE:

 

Veja publicação original:     Mulheres cada vez mais conquistam o direito à sexualidade

 

 

Atuação dos movimentos feministas através dos anos marca terreno e se posiciona como um divisor de águas na luta pela igualdade de condições das mulheres

 

Há décadas, os movimentos feministas vêm lutando pela igualdade de condições das mulheres, no que diz respeito aos papéis sociais, profissionais e sexuais. A partir da década de 60, observa-se a expansão da saída das mulheres do espaço doméstico, para a ocupação de espaços sociais e profissionais, antes restritos às pessoas do sexo masculino.

 

Na esfera da sexualidade começaram a surgir movimentos tímidos, a princípio, porém que conduziram ao início da liberação sexual feminina. Surgiram, nessa época, publicações de autoras norte-americanas, ensinando e estimulando as mulheres donas de casa a exercitarem tanto a masturbação, como práticas sexuais “não convencionais” para a época, tais como a prática do sexo oral e do sexo anal, com seus maridos.

 

A este respeito, citarei um trecho de uma conversa com um colega de profissão, lá pelos idos de 1970. Ele confidenciava-me que procurava prostitutas quando sentia a necessidade de praticar sexo oral ou anal. Um tanto perplexo com essa revelação, perguntei: “Mas por que não ter essas práticas com sua esposa, uma vez que vocês têm uma boa relação conjugal”?

 

A Sexualidade feminina na análise de Lacan

 

Ao que ele, com visível irritação, me respondeu: “Jamais faria essas coisas com a minha esposa, pois ela é uma mulher de respeito e, além de tudo, é a mãe dos meus filhos”.

 

Embora possa soar estranho o conteúdo dessa conversa, nos dias atuais, era esse o pensamento vigente na época, há cerca de 40 anos. A maioria pensava que a esposa tinha o papel de um ser assexuado, quase santificado, isento do prazer sexual, cuja experiência somente era permitida fora do lar, no ambiente da prostituição.

 

A luta pela liberação da mulher veio ganhando força e trazendo mudanças nos hábitos e costumes, derrubando tabus, como a virgindade, e o sexo permitido somente após o casamento. A decorrência dessa atitude da mulher foi fazer com que ela consiga se apoderar de seu corpo e da sexualidade, não mais se deixando manipular por convenções sociais ou pela moral judaico-cristã.

 

A sexualidade durante a gravidez

 

Essa evolução veio preparando o terreno para fatos muito importantes, que marcam a conquista da nova sexualidade feminina no século 21. Destaco como muito importante: a promulgação da Lei Maria da Penha, em 7 de agosto de 2006, que estabelece que todo o caso de violência doméstica e intrafamiliar é crime e, por isso, deve ser apurado por meio de um inquérito policial e ser remetido ao Ministério Público.

 

A lei tipifica e define a violência doméstica e familiar contra a mulher. Estabelece as formas da violência doméstica contra a mulher como física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Determina que a violência doméstica contra a mulher independe de sua orientação sexual.

 

 

Outro fato importante para a liberação da mulher foi a criação do FEMEN, um grupo ucraniano feminista de protesto, fundado em 2008. A organização se tornou notória por protestar contra temas como turismo sexual, racismohomofobia, sexismo e outros males sociais. Este grupo tem feito manifestações importantes em vários países do mundo; conta com uma filial brasileira na luta pela preservação dos direitos femininos.

 

Considero, também, de extrema importância a maneira mais natural, como tem sido tratado o tema sexualidade nos meios sociais e na mídia e, nesse sentido, observa-se que a sexualidade feminina vem sendo tratada com o mesmo respeito e importância que a masculina, o que demonstra que a mulher vem conseguindo a tão desejada igualdade no tratamento de questões fundamentais à existência humana, questões estas ligadas à identidade de gênero, ao fato de se sentir dona de seu próprio corpo, podendo, assim, administrar as formas de prazer que lhe são importantes e satisfatórias, independentemente de opiniões morais, religiosas ou que estejam a serviço de alguma forma de controle.

 

Revista psique Ciência & Vida Ed. 94

Adaptado do texto “Evolução da sexualidade feminina”

*Remo Rotella Jr. é médico psiquiatra e psicanalista. Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria e da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

 

 

 

 

 

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