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“O feminismo é uma luta ainda mal compreendida”

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Três ativistas brasileiras defendem que o feminismo abarca várias causas e lutas— e não a competição entre mulheres e homens

 

Apesar de séculos de história e reivindicações, o feminismo na sociedade atual ainda é uma luta mal compreendida — inclusive pelas próprias mulheres. Uma luta que não busca a competição, como alguns sugerem, mas que visa a conquista de direitos na sociedade. As afirmações são de Patrícia Bezerra, psicóloga, ativista de direitos humanos e eleita pela ONG Voto Consciente como melhor vereadora mulher de São Paulo. “O que a luta do feminismo quer é garantir direitos. Queremos paridade, igualdade salarial, igualdade de visão”, disse Patrícia durante conversa organizada nesta segunda-feira (27/11) pela Fundação FHC e transmitida no Facebook da Quebrando Tabu.

Patrícia refletiu ao lado das ativistas Bianca Santana e Manoela Miklos sobre diversos aspectos que cercam a luta e o debate feminista. “Há quem ainda veja o feminismo como algo correspondente ao machismo. Não faz sentido. Estamos falando de busca de igualdade e incluímos várias lutas dentro da luta geral”, diz Bianca Santana. “Há demandas específicas, considerando que as mulheres são uma categoria enorme, com muita diferença entre si”.

A luta das mulheres negras pobres, que estão na “base da pirâmide em todos os indicadores”, é diferente das mulheres brancas que estão ascendendo no mercado de trabalho. Bianca apresentou essa visão para defender que “as mulheres negras” não estão querendo roubar o protagonismo desse debate. “Há muitos intelectuais falando que o movimento de mulheres negras está radicalizando a experiência brasileira. E não é nada disso. Essa ideia, assim como outras que ganham narrativas de grupos conservadores, visam fragmentar a luta e, assim, deslegitimá-la”, diz Manoela Miklos. Ela refere-se, por exemplo, às recentes ameaças que a filósofa Judith Butler sofreu em sua passagem ao Brasil ou ainda às mudanças que a PEC 181 ganhou – e pode levar à probição do aborto em caso de estupro. Esses ataques, segundo a ativista, vêm de grupos que acreditam que o movimento destrói valores daquilo que é considerado a “moral e o conceito da família brasileira”. Na prática, essas narrativas geram uma má compreensão do feminismo, defendem.

De forma geral, o que une todas as mulheres feministas — independentemente das demandas específicas de vários grupos — é a busca por uma representatividade verdadeira e ampla dentro da sociedade. “Só pelo fato de nascermos mulheres, já somos vistas como pessoas com menos capacidade de empreender, de se colocar no mundo em certas profissões. A política, por exemplo, é tida como um lugar do homem. Daí, o poder que temos hoje ser falho”, diz Patrícia Bezerra.

Segundo a vereadora, o maior número de mulheres que entraram na política brasileira nos últimos anos não significa que elas estejam participando mais ativamente. “Temos um poder hoje exercido a partir do olhar do homem. Quando a mulher finalmente chega lá, não tem legitimidade e nem presença. Não exerce o poder real. A Comissão de Constituição e Justiça, a principal da Câmara, nunca foi presidida por uma mulher”, afirma. ​Ela defende que é preciso, dentro da luta feminista, ” resignificar e reconstruir o conceito sobre o que é mulher na sociedade”.

“É preciso refletir os privilégios [mulher branca com educação superior, por exemplo] que você tem e como você os utiliza na relação com a sociedade. Há muitas mulheres hoje resistentes ao feminino porque passaram muitas dificuldades para chegar onde estão. É mais fácil rejeitar o pacote inteiro e dizer: eu performei o necessário e ascendi por mérito”, diz Manoela Miklos.

 

 

 

 

 

 

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