SAIU NO SITE VOUGUE:
Veja publicação original: Julianne Trevisol fala sobre moda, assédio e feminismo
Cheia de personalidade, a atriz também deu dicas caseiras de beleza
Julianne Trevisol é uma camaleoa quando o assunto é beleza. Loira, morena, fios roxos, cabelão, dreads… A lista de penteados da atriz é quase infinita. A Vogue Brasil bateu um papo com ela sobre cabelo, moda, beleza e até feminismo.
Vogue Brasil: Você está com o cabelo curtinho. Lembra de como se sentiu ao dar adeus às madeixas maiores?
Eu sempre amei mudar. Então, não tenho muito apego em cortar ou qualquer transformação, principalmente, se for em função da caracterização de algum trabalho. Acho que me ajuda bastante na composição das personagens. Então, não foi difícil me despedir dos fios longos. Já estava com megahair desde abril que precisei tanto para minha personagem no teatro, quanto a Participação em Os Dias Eram Assim, e a série TOCS de Dalila que fiz no Multishow. Quando terminaram os trabalhos, nada melhor que voltar ao visual mais natural e deixar o cabelo respirar um pouco.
Vogue Brasil: É libertador ter o cabelo mais curto?
Vai muito de pessoa para pessoa. Eu amo estar com cabelos curtos! Sempre amei! Quando era mais novinha e trabalhava como bailarina, tinha um cabelo enorme, natural… Ficava um coque pesado pra dançar. Meu sonho era cortar. Quando cortei, abriu um mundo de possibilidades e descobri que tinha muito a ver com a minha identidade e personalidade.
Vogue Brasil: Como você cuida dos fios?
Cuido muito! Pelo menos uma vez por semana, arrumo um tempinho para tratar no salão com a Vivi Siqueira e o Tiago Parente, que fazem minha cor e corte, e recentemente aderi a um tratamento incrível de Tricologia, que trata o couro cabeludo e os fios de dentro para fora. Está dando um ótimo resultado, em pouco tempo. Em casa, uso sempre um bom shampoo e condicionador adequados ao meu tipo de cabelo e tenho sempre uma máscara para deixar uns 10 minutinhos agindo enquanto tomo banho.
Vogue Brasil: Como é sua rotina de exercícios?
Eu danço desde os sete anos, tenho formação em ballet, jazz e sapateado. A dança sempre fez parte do meu dia a dia. Atualmente, faço aulas de jazz e dança de salão. Também sou fã da yoga, faço duas vezes na semana. Treino musculação com funcional três vezes na semana, e comecei o boxe, que estou adorando também! Vou me revezando para fazer, pelo menos, uma dessas atividades por dia. Quando não consigo ir, meu dia não rende da mesma maneira.
Vogue: Segue alguma dieta?
Não como glúten. Não sou celíaca, me permito abusar às vezes no fim de semana, mas não faz parte da minha alimentação. Evito a lactose, frituras e produtos muito industrializados. Sinto a necessidade de uma alimentação mais saudável e natural a cada dia. Não só por uma questão de estética, mas porque acredito que influência o nosso corpo, mente e estado de espírito. Por isso, é importante que a dieta seja adequada a cada um. Não curto essas dietas loucas que prometem mudanças da noite pro dia. O equilíbrio é o segredo e o acompanhamento de um endocrinologista.
Vogue: Tem algum segredo de beleza caseiro que realmente funcione?
Eu sou adepta a tudo que vem das plantas. Então, tomo muitos chás. Feito direto com as folhas por infusão. Quando estou sem tempo, ando com minhas folhinhas na bolsa e, em qualquer lugar, consigo uma água e as jogo dentro. Hibisco é bem fácil de achar e levar na bolsa… Tomo para desintoxicar e desinchar. Eucalipto também é bom, uso sempre que estou em cartaz no teatro porque limpa as cordas vocais. Para a pele, fervo leite com pétalas de rosas e deixo bem geladinho. Aplico por dez minutinhos no rosto antes de dormir. Esse último é uma receita que minha mãe aprendeu com minha bisavó que era índia. Acho que tudo que você faz acreditando funciona, porque a natureza é energia.
Vogue: Você está com 34 anos. Sentiu o metabolismo mudar depois dos 30?
Muito. Sempre fui magra, não precisava fazer dieta. Agora, para o padrão que acho importante manter para o meu trabalho, não posso mais me dar ao luxo de comer sempre. Vejo logo uma diferença em três dias fora da dieta. Cuidar da saúde passa a ser uma responsabilidade e não só um capricho. Mas tem outras coisas boas que vem com a idade e compensa essa parte. A maturidade diminui a ansiedade e a vida vai ficando mais leve.
Vogue: Como define seu estilo?
Tão difícil ter que “se definir”, penso que estamos em um tempo onde ninguém precisa mais “ser” uma coisa só. Estamos quebrando rótulos. Eu já fui mais rock in roll, mais radical com alguns gostos para moda e até comportamento. Mas fui passando por um processo de transformação. Tenho momentos de diversos estilos, me permito brincar mais. Minha personagem em Totalmente Demais, a Lu, que era uma blogueira e trabalhava em uma revista de moda, me abriu muito a cabeça e me ensinou bastante sobre isso. Gosto de me reinventar com cada uma dessas experiências. Se tivesse que definir um lifestyle seria: uma mistura da Ju por essência: simples, pé no chão, um pouco roots até, natureba, da yoga e meditação que, sempre que possível, foge para um retiro no mato… com a Ju moderna, urbana, que curte moda, boa gastronomia e bons vinhos, viagens e claro, cultura e muita arte!
Vogue: Você é uma mulher bonita e, com certeza, já sofreu algum tipo de assédio. Lembra de algum que a marcou?
Esse assunto é muito curioso. Outro dia, conversando com amigas jurei que não havia sofrido nenhum. Até me esforçar e lembrar de pequenos atos que a gente vai entubando no decorrer da vida que são assédio e já estávamos tão acostumadas a nos conformar que até deletamos da mente. Lembrei de dormir no ônibus voltando da escola e acordar com um senhor com a mão na minha coxa. Ele tirou antes que eu gritasse e desceu do ônibus rapidamente. E assim seguiu essa conversa com as amigas lembrando de casos como esse.
Vogue: Você se considera feminista?
No sentido de igualdade e liberdade, sim! Sou a favor da luta pelos direitos feministas e, claro, contra o assédio sexual. Não só os direitos das mulheres e, sim, no geral… Toda forma de amor e igualdade. Por outro lado, não gosto do radicalismo. Em nada. Toda questão tem pontos de vista. Sou questionadora. Todo artista acredito que seja. Às vezes, sinto que no fervor e em uma profunda vontade de mudança, as pessoas e suas ideias se atropelam e nem sempre os posicionamentos têm profundidade. Mas é válido que esse turbilhão esteja vindo à tona pra quem sabe começar a se organizar. É válido nos darmos o direito da dúvida e buscarmos nossos próprios argumentos. Para que não sejam só opiniões. Eu procuro buscar isso com a arte, é a minha forma de expressar. Como foi a peça que estive esse ano em cartaz, chamada Uma Vida Boa. Falávamos de intolerância e amor. Tinha um debate ao final de cada sessão. Era bastante transformador. Presenciamos muitas histórias verdadeiras e saíamos com a sensação de que estávamos fazendo de pouquinho em pouquinho a nossa parte.
Beleza: Edu Hyde
Styling é de Rafael Menezes
….