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Eu, leitora: “Fui estuprada por um homem que se passava por policial”

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE:

 

Veja publicação original:  Eu, leitora: “Fui estuprada por um homem que se passava por policial”

 

A engenheira Cristina*, de 48 anos, foi abordada por um estuprador quando saia de um supermercado de luxo no bairro dos Jardins, em São Paulo. Passou quase três horas rodando com ele pela capital, momentos em que ele a obrigou a fazer sexo oral. O caso teve repercussão nacional e ela, que pediu para não ter sua identidade revelada, contou o que aconteceu com exclusividade a Marie Claire

 

 

 

“Era fim de tarde de uma sexta-feira e eu estava saindo do supermercado Santa Luzia, nos Jardins, em São Paulo, quando um homem veio como uma bala em direção ao meu carro. Pediu para eu abaixar o vidro e mostrou um distintivo da polícia federal.  Sem entender o que ele queria, encostei o carro. A porta estava destrancada – algo que nunca faço – e ele entrou. Sentou no banco do passageiro e pediu para eu tocar para a delegacia. Achei esquisito, mas obedeci. Falei para irmos para a mais próxima, na rua Estados Unidos, mas ele pediu para ir na do Itaim, onde ele supostamente trabalhava.

No caminho colocou a mão no meu ombro de um jeito estranho, naquele momento percebi que algo muito ruim iria acontecer. Comecei a chorar compulsivamente e meu corpo todo tremia. Não sabia que era capaz de ter uma reação tão intensa e tão imediata. Ao me ver nervosa, ele também ficou tenso. Começou a gritar que eu não precisava ficar daquele jeito, que nada de mal iria acontecer se eu fizesse o que ele mandasse. Falou que estava armado, perguntou se eu queria ver a arma. Também instantaneamente, me acalmei e continuei conversando como se estivesse tudo sob controle. Mandou eu desligar meu celular.

 

Quando paramos no semáforo, ele me pediu um beijo na boca. Colocou as mãos nas minhas pernas e disse que elas eram muito bonitas. No semáforo seguinte, pediu que eu fizesse sexo oral. O nojo que sentia era tão grande, que fiquei com vontade de vomitar e de ir ao banheiro. Só que ao mesmo tempo, senti muito medo de passar mal e ele perceber a minha repulsa. Pelo que pude entender, ele queria fantasiar que éramos um casal.

 
Ele pediu então que eu parasse em um caixa eletrônico para tirar dinheiro. Esse estuprador não é só um maníaco sexual, ele também é ladrão e estelionatário. Não tem apenas uma perturbação, é malandro e sabia muito bem o que estava fazendo. Quando eu sugeria um caixa-eletrônico, ele ficava furioso porque dizia que ali haviam câmeras e me obrigava a procurar outro. Rodamos a cidade assim.

Durante todo o tempo no carro, eu tinha certeza que ia morrer. Que ele iria me estuprar e depois me matar. Em um determinado momento, pensei que era melhor que me estuprasse logo para acabar rápido com aquilo, mas ele estava curtindo aquele jogo perverso.

 
Depois de duas horas e meia rodando pela zona oeste de São Paulo, percebi que ele estava confiante e seguro. Em uma avenida de uma grande faculdade, avistei um grupo grande de pessoas em uma esquina, bem em frente ao farol. Percebi que aquela era minha chance.

 

Num jogo de encenação, disse que estava cansada e consegui colocar o carro em ponto morto no farol. Ele disse que também estava cansado. Consegui abrir a porta e saí em disparada, correndo, para dentro do barzinho da faculdade.

 
Ele saiu correndo pela outra porta e foi embora. Fiquei alguns instantes chorando sozinha
dentro do bar. As pessoas viram a cena, meu carro largado na rua, mas acharam que era uma briga de casal. Até que duas meninas se aproximaram e perguntaram o que tinha acontecido. Contei para elas, que ligaram para meu marido ir me buscar.

Fomos diretamente para a delegacia fazer um B.O. Meu marido e uma amiga, que me acompanharam, disseram que eu estava tão exaltada que gritava enquanto falava. Acho que era uma euforia por estar viva. Na segunda-feira, a dra Cristine da 1ª Delegacia da Mulher de São Paulo, me ligou para começar uma investigação. Foi o que levou a identificação do agressor e, consequentemente a sua prisão. Na delegacia, conheci outras vítimas dele, que atuava na região da paulista.

 
Nunca precisei de remédios para humor ou para dormir, mas naquele fim de semana fui medicada. Também fiz a profilaxia para vítimas de estupro.  Durante as semanas que se seguiram, contei a história para meus amigos e conhecidos, todo mundo sempre fica muito emocionado ao ouvir o meu relato. Comecei a fazer um tratamento com um médico chinês para aliviar o trauma. A única mudança de comportamento que veio depois dessa violência foi um medo de andar de carro, no trânsito. Eu não deixei de fazer isso, mas não o faço confortável e distraída como antes”.

 

 

 

 

 

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