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Uma solução para a violência doméstica: a capacitação financeira das mulheres

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Veja publicação original:  Uma solução para a violência doméstica: a capacitação financeira das mulheres

 

 

A violência doméstica é um comportamento intencional, que envolve abuso ou violência de uma pessoa contra outra num ambiente doméstico, como o casamento ou a coabitação. A violência doméstica pode ser física ou emocional e não é discriminadora. Existe em todas as raças, idades, religiões, estatutos socioeconómicos, nacionalidades, orientações sexuais e géneros. No entanto, 85% das vítimas de violência doméstica são mulheres.

Estudos sobre a violência doméstica concluem que, para muitas vítimas, ficar com um parceiro abusivo resume-se a uma escolha pelo menor de dois males: a incapacidade de se sustentarem a si próprias e aos filhos financeiramente ou continuarem a ser vítimas de abusos. Quando confrontadas com a escolha, muitas optam por permanecer na relação abusiva.

A solução depende da criação de capacitação económica para as mulheres. No entanto, isso não pode acontecer até serem quebrados os estereótipos de género. Estereótipos como: as mulheres são o “sexo fraco”, as mulheres não são boas em ciências ou matemática, e o lugar das mulheres é em casa e não no local de trabalho são perigosos, pois ignoram as capacidades e desejos individuais de uma mulher. Esses estereótipos limitadores também fazem parte da equação sobre o motivo pelo qual as diferenças salariais entre os géneros permanecem substanciais e muitas carreiras em ciência, engenharia e construção permanecem dominadas pelos homens. Esses estereótipos restringem muitas vezes as oportunidades de uma mulher obter independência financeira e escapar a uma relação abusiva.

Para algumas mulheres, pôr fim a esses estereótipos impeditivos pode ser o ponto de partida para tornar possível a saída de uma relação abusiva. No mês passado, fui com 14 mulheres da Connect to Success para Braga, em conjunto com a Habitat for Humanity, para ajudar a construir uma casa para uma família necessitada. No entanto, a nossa missão era muito mais abrangente do que isso. Nós também estávamos lá para mudar a mentalidade sobre o que as mulheres são capazes, mesmo num domínio tradicionalmente masculino. Quando chegamos ao local da construção, a nossa equipa inteiramente de mulheres colocou os capacetes, as luvas e calçou as botas de trabalho. Cada uma de nós recebeu uma colher de pedreiro, uma pá e foi-nos mostrado o misturador de cimento. Passámos três dias a misturar cimento e a rebocar paredes. O gestor da obra, que, claro, era um homem, ficou chocado ao descobrir que a sua equipa era toda feminina. O motorista de táxi que me levou ao estaleiro da obra perguntou onde estavam os homens que realmente iriam fazer o trabalho. Os políticos do sexo masculino que passaram pela obra enquanto faziam campanha para as eleições autárquicas também se perguntavam o que faziam ali todas aquelas mulheres vestidas “como trabalhadores da construção civil”.

Para grande surpresa do gestor da obra e da equipa de três homens que ele tinha com ele, fomos informados de que a nossa equipa de construção feminina conseguiu fazer mais em três dias do que qualquer outra equipa da Habitat for Humanity até à data. No final dos três dias, podemos ter conseguido alterar a mentalidade apenas de alguns, mas a mudança geralmente acontece com uma pessoa de cada vez. E, se agora, mesmo que seja apenas uma única mulher a seguir uma carreira que de outra forma não teria, ganhando assim a independência económica necessária para quebrar o ciclo da violência doméstica, já fizemos a diferença. E se cada um de nós fizer o que puder para quebrar esses estereótipos, mesmo que só com uma pessoa de cada vez, imagine-se o impacto incrível que podemos ter em tantas vidas.

 

 

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