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Pesquisadores apresentam projetos de proteção a meninas e mulheres

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Veja publicação original:  Pesquisadores apresentam projetos de proteção a meninas e mulheres

  

Amanhã (6/10) serão apresentados os projetos aprovados na Seleção Pública de Propostas de Pesquisas sobre o Sistema de Proteção e Promoção dos Direitos de Meninas e Mulheres no Distrito Federal lançada em 8 de março

 

 

 

Uma mulher liga para o 190. A denúncia não é inédita: o marido a ameaça e a polícia tem que intervir. A vítima luta pela vida, mas, naquele momento, não sabe se vai conseguir. Sente medo e quer proteção, e o único que pode salvá-la agora é o Estado. No último semestre, 7.764 mulheres passaram por situações como esta e sofreram alguma violência doméstica no Distrito Federal, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Nesta sexta-feira (6/10), as pesquisas da Secretaria Adjunta de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos apresentam os projetos aprovados na Seleção Pública de Propostas de Pesquisas sobre o Sistema de Proteção e Promoção dos Direitos de Meninas e Mulheres no Distrito Federal lançada em 8 de março.

 

 

 A pasta escolheu seis projetos que estudarão a sociedade no próximo ano para concluir quais são as ações públicas necessárias para evitar que uma mulher seja violentada. A ideia é que até 2019, a secretaria tenha em mãos um estudo claro de quais deverão ser os passos a serem tomados para uma nova estrutura social. “A gente vê claramente que, quando as pessoas conversam, elas só falam de enfrentamento para frente. Mas não falam de prevenção. E isso é o pilar da política pública. Nós dependemos disso para eu dizer que vai haver uma mudança de cultura daqui a 20 anos”, afirmou  a secretária Márcia Alencar.

 

Mas, para isso, é necessário que os estudos também mostrem as diferentes geográficas do problema. Assim como as mulheres são violentadas de formas diferentes nas regiões do DF, as ações devem entender essas diferenças e agir de forma a combater as agressões em qualquer território.

 

 

 

Além disso, para a secretária, todos os elementos que promoveram uma cultura patriarcal são históricos, ou seja, já estão enraizados na mente dos brasileiros, de uma forma geral. Por isso, é necessário começar a desconstruir os pensamentos ultrapassados. “A grande importância da pesquisa é exatamente fazer com que esse sistema tenha elementos para induzir políticas e realocar recursos para romper os ciclos da violência contra a mulher”, comentou Márcia Alencar. Com esse novo modelo, será possível mudar o entendimento sobre as questões de gênero na sociedade, e começar uma transformação para garantir os direitos da mulher dentro do mundo.

 

 

 

O projeto “Mulher & Cidadania: desenvolvimento de tecnologia lúdico-educativa no enfrentamento da violência contra a mulher (Etapa 2 – Vidas Violetas: Um jogo em que as mulheres dão as cartas!” da professora da Universidade de Brasília (UnB), Maria Raquel Gomes Maia Pires é um dos selecionados. Ele é a segunda parte de uma proposta lançada em 2016. A primeira etapa era um jogo de tabuleiro voltado, principalmente, para os profissionais da rede de enfrentamento de violência contra mulher. “Com este edital vamos continuar trabalhando em um primeiro momento com esses especialistas. Depois vamos partir para comunidade, que é o que faz parte deste edital. Nosso público alvo são homens e mulheres jovens adultos”, explica.

 

 

 

Nessa etapa, o jogo será de cartas e o objetivo será a desconstrução de estereótipos que reproduzem ideias preconceituosas. De acordo com Maria Raquel, o edital é uma forma de incentivar que outros sejam lançados. “É uma excelente iniciativa. É difícil ver pesquisas relacionadas a este tema e essa é uma forma de se criar uma cultura de investigação em um assunto que é não pouco valorizado”, destaca.

 

 

 

Janara Kalline Leal Lopes de Sousa, professora da Faculdade de Comunicação (Fac) da UnB irá coordenar o projeto “Escola de App: enfrentando a violência on-line contra meninas”. Além de dar empoderamento, a inicitiva tem como objetivo fazer com que elas se aproximem mais da tecnologia. “A internet é um ambiente nada seguro quando se trata do feminino. Por não conhecerem, elas não sabem lidar com as situações e estão sujeitas a diversas violências. E a ideia é essa, fazer que aprofundem no tema para não serem mais vítimas”, aponta Janara.

 

 

 

O projeto dela vai ser de pesquisa e extensão. Vai iniciar com a ida em escolas para conversas com diretoras e alunas e com isso fazer grupos focais. Depois a parte prática terá como alvo workshop’s que irão mostrar quais são os riscos e dicas de como navegar com segurança. “Essa iniciativa por parte do governo, é fundamental. Isso faz com que o DF avance no debate de gênero”, acredita.

 

 

 

A pesquisa Estudo sobre a prática pedagógica das Promotoras Legais Populares do Distrito Federal e Entorno no enfrentamento à violência contra mulheres e meninas será coordenada pelo professor da Faculdade de Direito da UnB, José Geraldo de Sousa, o único homem selecionado. O projeto que está à frente no edital, é um programa de extensão da instituição federal e existe desde 2013. “Representa uma preocupação de conhecer como são e como se empoderam. O objetivo é fazer um levantamento dessas mulheres e como elas se engajam na defesa dos direitos das mulheres”, destaca.

 

 

 

José Geraldo, conta que, atualmente, mulheres coordenam o programa na universidade, mas o escolheram para representar no edital. “Sempre mantive vínculo com o projeto e como estava disponível para me responsabilizar academicamente. Na época que começou, eu era o professor mais engajado na atuação. Agora, sou, apenas, um gestor e uma pessoa de confiança”, declara. Para ele, a proposta mostra o protagonismo das docentes mulheres. “Reconheço a capacidade empoderada de pesquisadoras femininas. Tudo que vamos fazer é um compromisso solidário, é dar apoio tanto de forma teórica acadêmica como política.”

 

 

Combate

 

Para combater a violência contra a mulher, o Estado atua em três frentes diferentes: com as políticas de enfrentamento – que combatem o flagrante, por exemplo quando a polícia age em casos de agressão. Assim como há as ações para proteção das vítimas, quando elas vão para abrigos e são protegidas para que fiquem sob tutela do governo. E por último, a prevenção, que atua para evitar que haja o cenário violento. Para a secretária, Márcia Alencar, esse é o mais importante passo, já que evita todas as ações futuras.

 

Segundo a secretária, apesar do bom atendimento de resgatar às vítimas, é necessário apostar em uma política para evitar as ocorrências. O problema, no entanto, também está nos modos de agir da sociedade. “A gente sabe que homens e mulheres foram forçados em uma cultura patriarcal. Por isso ela (mulher) já tem uma violência simbólica internalizada na nossa cultura. Para que a mulher e a menina tenham direitos assegurados, ela tem que, desde seu processo de formação, desconstruir essa cultura”, explicou Márcia.

 

Os outros pesquisadores selecionados são três mulheres. Claudia Mara Pedrosa, coordenadora do projeto “Identificação, Fortalecimento e Articulação das Iniciativas de Promoção dos Direitos Humanos das Meninas e Mulheres em Situação de Violência no Distrito Federa”, Ioneide de Oliveira Campos respnsável pela pesquisa “Saúde Mental e Economia Solidária: possibilidades de inclusão social de mulheres vítimas de violência em um CAPS II” e Luciana da Silva Santos com “Violência(s) contra mulheres donas-de-casa: Ausência de direitos e impactos na saúde mental”. Ao todo, serão investidos R$ 455 mil.

 

 

 

 

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