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Veja publicação original: Gleisi detona professor que debocha da Lei Maria da Penha: Banaliza e estimula violência contra a mulher; veja a leviandade
Veja o video: professor que debocha da Lei Maria da Penha
Gerou muito debate e diversas manifestações de repúdio um vídeo que circulou nas redes sociais neste final de semana, no qual um professor de curso preparatório para concursos de Curitiba, Victor Augusto Leão, debocha da Lei Maria da Penha e dos direitos assegurados às mulheres em situação de violência.
Assinei junto com lideranças dos movimentos sociais e organizações de mulheres uma nota também repudiando o deboche e a inconsequente manifestação de machismo e misoginia do professor no ambiente em que ele se coloca como dono da razão: a sala de aula.
Não existe justificativa para abordar esse tema de maneira irresponsável, superficial ou debochada. Ainda mais em se tratando de um educador, formador de opinião, dentro de uma sala de aula.
Muito infeliz e repulsiva a atitude do professor, que pode, sim, da forma que foi feita, estimular ou reforçar esse tipo de crime.
Como bem se sabe, existe uma lei, a Maria da Penha (11.340/2006), sancionada pelo presidente Lula em 7 de agosto de 2006. Portanto, a violência doméstica e familiar contra a mulher é crime, uma barbárie, que leva ao feminicídio e à morte de milhares de mulheres.
Se temos uma das leis mais avançadas do mundo, referência em prevenção e proteção contra esse tipo de crime, temos mais é que nos orgulhar disso.
Não “brincar” e nem reforçar esse tipo de banalização do preconceito e da violência.
Não existe justificativa para essa leviandade ou conservadorismo nocivo à sociedade. É machismo e misoginia!
O professor deve não apenas às mulheres, mas à sociedade como um todo, um exame de consciência, uma retratação e um pedido público de desculpas.
Reconhecer o erro e partir para uma mudança sincera de comportamento é uma atitude digna de um educador e de qualquer cidadão promotor do desenvolvimento social.
Caso contrário, só banaliza e estimula a violência, o que é repulsivo, indignante e cruel diante do drama vivido, sofrido na pele por milhares de famílias ao longo de séculos no nosso país.
A violência contra as mulheres é um drama que amputa direitos, aniquila sonhos, perspectivas, esperanças, laços de afeto e mutila toda a sociedade. Temos de nos importar. Sermos cuidadosos e responsáveis com tanta dor e sofrimento.
Vamos virar essa página. É preciso evoluir e não tripudiar sobre algo tão grave e tão perverso. Humanizar é preciso!
Gleisi Hoffmann é senadora da República e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT).
Abaixo, a nota assinada por movimentos feministas, organizações de mulheres e ativistas
NOTA DE REPÚDIO
Professor debocha em sala de aula de mulheres vítimas de agressão
“Gosta de apanhar ou não? Levar uns murros na boca de vez em quando? Uma joelhada, não gosta? Quebrar umas costelas, não gosta? Mulher gosta de apanhar. Mulher gosta de levar porrada, não é verdade?”
Parece inacreditável, mas as frases foram ditas por um professor dentro de uma sala de aula. Trata-se de Victor Eduardo Leão.
Um vídeo que está circulando nas redes sociais mostra o momento em que tudo foi dito.
O episódio aconteceu em Curitiba, em 2/9/17, quando ele ministrava aula no Curso Luiz Carlos sobre o Estatuto dos Servidores para concorrentes a uma vaga no TRE-PR.
A incitação à violência começou quando o professor decidiu “brincar”.
“Mulheres se acha, né? Essa Lei Maria da Penha aí.”
E, olhando para uma aluna, prossegue com as perguntas ofensivas.
No site do Curso Luiz Carlos, Vitor Leão é apresentado como professor das Faculdades Guarapuava e analista judiciário na Justiça Federal de Primeiro Grau no Paraná. Também como mestre em Ciência Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí, especialista em Direito Civil pela Associação de Ensino Novo Ateneu e bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Londrina. Trata-se de alguém que conhece as leis e suas implicações.
Não é aceitável que um professor de Direito ignore e deboche em sala de aula da alarmante estatística de violência doméstica no país. Uma em cada três mulheres sofreu algum tipo de violência só no último ano no Brasil. 503 mulheres são vitimas de agressões físicas a cada hora (Datafolha. Março/2017).
Muitas dessas mulheres poderiam estar ali, ouvindo gargalhadas de suas dores. Imagine os sentimentos provocados pelo professor em quem já foi vítima ou viu a mãe, irmã ou filha ensanguentada pelas mãos do companheiro?
Após alegar que estava brincando, Vitor Leão retoma a incitação à violência. “Vamos falar agora de penalidades. Vai vir a Lei João da Lapa e revogar a Lei Maria da Penha e nós vamos voltar a descer bordoada na mulherada, tá? Porque lá em casa é assim, nesse esquema.”
Nós, mulheres brasileiras, repudiamos a postura do professor Vitor Augusto Leão. Não podemos mais aceitar que a dor e a morte de tantas mulheres ainda sirvam de motivação para piada.
Assinam este manifesto:
ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais
Associação Ciranda das Mulheres
CAAD – Advogadas e Advogados pela Democracia
CLADEM – Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher
Coletivo Arte é Vida
Coletivo de Jornalistas Feministas Nísia Floresta
Coletivo Feminista da APP-Sindicato
Coletivo Voz Materna
Comissão Regional do Oeste Metropolitano de São Paulo
CONDSEF – Confederação Servidores Federais
CUT – Central Única dos Trabalhadores
Deputada Federal Jandira Feghali (relatora da Lei Maria da Penha)
Deputada Federal Jô Moraes
Federação de Mulheres do Paraná
FENAJUD – Federação Nacional dos Servidores Judiciários
Fórum Popular de Mulheres
GETRAVI – Grupo de Pesquisa, Trabalho, Gênero e Violência Doméstica e Familiar
Fórum Nacional de Políticas Públicas para Mulheres – Coletivo Rose Nogueira
Marcha Mundial das Mulheres – PR
Marcha Mundial das Mulheres – Guarapuava
MNU – Movimento Negro Unificado
Mulheres da CUT
Mulieribus – Núcleo de Estudos das mulheres e Relações de Gênero da UEFS
NEPEM/UFMG – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da Universidade Federal de Minas Gerais
NUPRO – Núcleo de Proteção de Direitos de Mulheres e Infância
PartidA Feminista Nacional
PartidA Feminista Curitiba
PartidA Feminista DF
PartidA Feminista Florianópolis
PardidA Feminista Jataí
PartidA Feminista Minas
PartidA Feminista Palmas
PartidA Feminista Recife
PartidA Feminista Rio de Janeiro
PartidA Feminista RS
PartidA Feminista São Paulo
Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos
Rede Não Cala
Rede Mulheres Negras do Paraná
Senadora Gleisi Hoffmann
SISPPMUG – Sindicato dos Servidores Públicos e Professores Municipais de Guarapuava.
Todas Marias
UBM – União Brasileira de Mulheres
Vereadora Professora Josete – Curitiba/PR
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