Saiu no site REVISTA NOVA COSMOPOLITAN:
Veja publicação original: Deborah Secco e o tribunal da internet
Um papo aberto sobre o julgamento que as mulheres recebem
Por Cristina Naumovs
Quantos homens que traíram a mulher você conhece que foram mortos em consequência disso? Segundo a ONU, o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo. Poderia elencar vários assassinatos aqui só neste ano de 2017, mas acho que todo mundo leu alguma história que tenha acontecido nesses nove meses. Quem não se lembra do homem que invadiu a festa da família da ex-mulher no Réveillon e matou 12 pessoas — a ex, o filho e a mãe dela, entre outros. Na carta que deixou, ele só se refere a ela como “a vadia”.
Então, quando Deborah Secco deu entrevista pra Veja dizendo que tinha traído todos os seus namorados, exceto o marido atual, o mundo resolveu cair de pau na atriz. Ela só disse o que achava, mas acho que entendemos que mulheres têm menos direito de trair e não ser morta por isso que os homens. A resposta da internet foi terrível. E por quê? O que ofende tanto quando uma mulher diz trair? Por que somos tão permissivos quando homens fazem e tão cruéis quando são mulheres? Ou quem não se lembra da onda que outra atriz sofreu quando teve um suposto caso com um homem casado que não foi crucificado; aliás, pelo contrário, seguiu fazendo campanhas e novelas, enquanto ela teve que se recolher da onda de ódio?
Um vídeo de um ator se masturbando vazou e foram só elogios para o tamanho do pau, na mesma semana em que outra atriz falou que gostava muito de fazer sexo. Adivinhe quem foi crucificado no tribunal das redes…
E é isso que estamos vivendo: um tribunal que é duríssimo com as mulheres e bastante condescendente com os caras. O nome disso a gente sabe, só precisa ter coragem de falar alto: machismo. Repete comigo. O combinado da Deborah era com os parceiros dela — se ela traiu ou não, é problema dela. Importam mais os desdobramentos que a traição em si, é discutir por que mulheres seguem sendo mortas por ex-maridos ou namorados. Isso deveria ser o nosso tribunal.
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