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Veja publicação original: Como um robô quer pautar a discussão sobre direitos das mulheres e feminismo na internet
“Por que não fazer um anti-robô? Um robô que potencializasse pautas de proteção aos direitos humanos de forma mais ampla?”
Por Ana Beatriz Rosa
Robôs, chatbots, ciborgues. Para muitos, estes conceitos ainda são nebulosos e pouco significativos, mas o fato é que estes sistemas automatizados e programados podem realizar diversas tarefas, inclusive influenciar no debate público em meio digital.
Uma pesquisa da Universidade de Oxford, por exemplo, mapeou como os robôs tem impacto direto em promover um produto, alavancar a carreira de algum artista ou até mesmo eleger um presidente.
De forma simplificada, esses sistemas são capazes de criar um cenário que seja capaz de amplificar a relevância de determinados temas, e, com isso, aumentar o alcance de cada uma desas pautas.
“O uso dessas tecnologias precisam ser observadas bem de perto. O que a gente tem visto até agora é o uso de robôs para dar relevância a um determinado tipo de notícia. Foi isso que aconteceu nas eleições dos Estados Unidos”, explica Mariana Ribeiro, diretora de projetos do Nossas, organização que atua em novas táticas de mobilização social e participação política. “Eles criavam robôs para interagir com notícias que não eram verdadeiras, elas ganhavam relevância e aumentavam o seu alcance, assim iam se espalhando.”
Para Ribeiro, as chamadas fake news foram importantes para os resultados das eleições americanas e a vitória de Donald Trump. Porém, a discussão atual vai além:Trata-se de um campo inteiramente novo da disputa da narrativa política.
“Precisamos prestar atenção no campo da análise de dados e em como que essas agendas de candidatos, partidos ou grupos utiliza big data para influenciar as pessoas em determinadas direções”, argumenta.
Não é só nos Estados Unidos que os robôs já mostram os impactos de suas presenças em meio as redes sociais. De acordo com a pesquisa Robôs, Redes Sociais e Política no Brasil, publicada em agosto pela Fundação Getúlio Vargas, contas automatizadas motivaram até 20% dos debates em apoio aos políticos no Twitter durante as eleições de 2014 no País.
“O surgimento de contas automatizadas permitiu que estratégias de manipulação, disseminação de boatos e difamação, comumente usadas em disputas políticas, ganhassem uma dimensão ainda maior nas redes sociais. A participação ostensiva de robôs no ambiente virtual tornou urgente a necessidade de identificar suas atividades e, consequentemente, diferenciar quais debates são legítimos e quais são forjados. Esse discernimento é essencial para que os processos sociais originados nas redes sejam efetivamente compreendidos”, conclui a pesquisa.
E foi em meio a esse contexto que Mariana Ribeiro sentiu a necessidade de usar esse tipo de tecnologia para disseminar pautas que não só se tratassem de fofocas sobre determinados candidatos, ou ideias defendidas por tal partido, mas sim em defesa dos direitos humanos. Mais precisamente, em defesa do feminismo.
“A gente observou que essa tecnologia de robôs estava sendo amplamente utilizada para fins políticos, principalmente a partir de agendas bastante conservadoras. Então por que não fazer um anti-robô? Um robô que potencializasse pautas de proteção aos direitos humanos de forma mais ampla?”
Prazer, Beta: o “anti-robô”
Quem me chamou? Ai, eu não me aguento!