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VÍTIMA DO PREPARADOR NUNO COBRA ALIVIADA COM SUA PRISÃO

Saiu no site ESCREVA LOLA ESCREVA:

 

Veja publicação original:  VÍTIMA DO PREPARADOR NUNO COBRA ALIVIADA COM SUA PRISÃO

 

O preparador físico Nuno Cobra, 79 anos, que ficou famoso por treinar o piloto Ayrton Senna, esteve nos Trending Topics do Twitter ontem, por ter sido preso pela polícia federal.
Na semana passada, Nuno foi condenado a três anos e nove meses de prisão em regime inicial aberto (substituído por prestação de serviços à comunidade e pagamento mensal de um salário mínimo a entidade pública ou privada) por violação sexual. Em 2015, durante um voo de Curitiba para Congonhas, Nuno tocou os seios e pernas de uma mulher de 21 anos ao seu lado, enquanto conversava com ela.
Segundo o Ministério Público, Nuno disse à moça que o corpo dela “lhe despertava pontos energéticos que não sentia havia muito tempo”. Isso foi durante a decolagem, e a vítima não conseguiu se desvencilhar. Quando ela se levantou, pediu aos comissários de bordo para trocar de lugar e, nervosa, começou a chorar. Assim que chegou em Congonhas, prestou depoimento à PF.
A procuradora do caso, Ana Carolina Previtalli Nascimento, pediu que Nuno fosse condenado pelo crime 215 do Código Penal que enquadra os casos de “estupro ou ato libidinoso mediante fraude ou meio que impeça ou dificulte a defesa da vítima”. Ela ainda comparou a atitude de Nuno com outros atos libidinosos ocorridos no transporte público recentemente.
Ao ler sobre o caso, uma jornalista denunciou Nuno por um caso parecido que aconteceu contra ela em 24 de agosto deste ano, nos estúdios da Rádio Jovem Pan. Segundo ela, Nuno apertou suas nádegas e esfregou seu órgão sexual nela, enquanto dizia que os homens têm “energias sexuais” que “as mulheres deveriam compreender”.
Esta segunda denúncia fez com que a juíza Raecler Baldresca, da 3a Vara Federal Criminal de SP, pedisse a prisão preventiva de Nuno. A Procuradora Ana Carolina disse à juíza que, mesmo sendo processado e interrogado em audiência (em 14 de junho), Nuno “teria continuado a praticar os mesmos atos pelos quais foi acusado e condenado”.
Ontem, no banco de trás do carro da polícia, Nuno declarou ao repórter Sérgio Xavier que tocar a todos calorosamente é o seu jeito, e que nem sabe “o que é mais triste. Se a privação da liberdade ou a sensação de que a sociedade me acha um ser perigoso”.
Também ontem, ao saber da prisão de Nuno, a atriz Nicole Puzzi escreveu em seu perfil no Twitter que também foi abusada pelo preparador.
Eu recebi um tuíte de uma moça, Karola, que se disse aliviada pela prisão, e me perguntou se eu queria ouvir o seu relato. Eu manifestei minha sororidade, disse que sim, e ela me mantou este email:
Em 2013 eu estava trabalhando na feira do livro em Ribeirão Preto. Minha função era cuidar do palco pra que tudo estivesse ok para as palestras e rodas de conversa que aconteciam. Eu também ia até os camarins e avisava o escritor, ou o jornalista, do horário, e os acompanhava até o palco.
Em 2013 Nuno Cobra estava presente, quando fui avisá-lo que estava na sua hora. Ele perguntou pra mim se tinha muita gente e disse que estava nervoso. Eu disse que estava tudo bem. Ele pediu água e eu peguei um copo e levei. Quando entreguei o copo ele passou a mão na minha coxa, subindo, e disse: “Você poderia me acalmar”. Eu saí do camarim incrédula e chocada e comecei a chorar de nervoso. Cheguei mesmo a checar a roupa que estava vestindo pra saber se eu podia ter “instigado” algo (foi mecânico me achar culpada).
Como eu sabia que ele trabalhava com crianças, eu fui direto a V., uma das responsáveis, contar o que tinha acontecido. Ela me perguntou se alguém tinha visto e eu disse que não. Então ela perguntou: “Por que você entrou no camarim?” “É meu trabalho chamar os convidados no horário da palestra”, eu respondi. Como fiquei bem nervosa com o constrangimento, fui dispensada pra ir pra casa pra me acalmar.
No dia seguinte fui chamada pela I., presidente da fundação na época, que me disse que se eu fizesse qualquer coisa seria a minha palavra — que era a de ninguém — contra a de um senhor consagrado e adorado, e ninguém iria acreditar em mim. O pessoal da Feira do Livro conseguiu, infelizmente, me calar com frases como “Você que entrou no camarim dele. Ele pode alegar isso” e “Você não deveria ter entrado” e “Vai manchar sua vida porque ele vai te massacrar”.
Infelizmente na época nem meu namorado me apoiou na denúncia. E tudo que ouvi foi que era “o jeito” dele [de Nuno]. Cheguei achar que foi loucura da minha cabeça. Morrendo de raiva e com um sentimento de impotência, engoli seco, e isso até hoje.
No ano seguinte, estranhando a não convocação para feira, na qual eu trabalhava todo ano, descobri que havia sido desligada.
Quando vi a notícia da prisão me senti feliz. Aliviada por alguém ter sido mais forte e não ter sido silenciada e ter denunciado ele. E me sinto aliviada de contar isso agora e se possível endossar minha denúncia pra que esse senhor não use mais a desculpa que é um pobre inocente que não representa nenhum perigo.

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