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Veja publicação original: Ela escapou dos nazistas uma vez. Agora está combatendo o nazismo de novo.
Por Antonia Blumberg
Marianne Rubin escapou dos horrores do Holocausto quando era criança. O que está acontecendo hoje a assusta.
Depois de grupos supremacistas brancos terem semeado a violência letal em Charlottesville, Virginia, no domingo (14), centenas de pessoas se reuniram em cidades de todos os EUA para protestarem contra o ódio organizado. Em Nova York, uma senhora carregou um cartaz comovente que dizia: “Escapei dos nazistas uma vez. Vocês não vão me derrotar agora.”
Fotos de Marianne Rubin, 89, e seu cartaz contundente viralizaram em pouco tempo, lembrando aos americanos que a ameaça da supremacia branca não é algo que se deva levar na brincadeira.
“Foi um dia difícil ontem, mas eu estava com amigos”, disse Rubin ao HuffPost na segunda-feira, falando ao telefone de sua casa em Westchester, Nova York. “Fiquei pensando depois: por que é preciso fazer isso?”
Charlottesville foi o epicentro do discurso e do ódio supremacista branco no sábado, mas o ódio organizado existe em todo o país.
Pelo menos 917 organizações ativas de ódio operam nos Estados Unidos, segundo artigo de fevereiro deste ano publicado pelo Southern Poverty Law Center (SPLC), uma organização de defesa dos direitos civis.
O SPLC define as organizações de ódio como sendo formadas por pessoas que nutrem “ideias ou práticas que atacam ou vilipendiam uma categoria inteira de pessoas, geralmente por suas características imutáveis”. Entre elas estão grupos neonazistas, de supremacistas brancos, neo-Confederados e mais. Embora o número desses grupos venha encolhendo desde 2011, o SPLC constatou que voltou a crescer nos dois últimos anos, durante a campanha presidencial.
Para Rubin, a presença de grupos supremacistas brancos na arena pública traz ecos angustiantes de sua infância, como menina judia na Alemanha nazista.
Ela se recorda de soldados nazistas terem vindo para o apartamento de sua família quando ela tinha seis anos de idade e atacado sua família.
“Percebi na hora que algo ruim estava acontecendo”, ela contou ao HuffPost. “Eles entraram marchando e me empurraram para o chão. Empurraram meu pai também, e eu o vi deitado ali.” Os homens foram para um apartamento no andar de cima, e nesse momento a pequena Marianne Rubin fechou a trancou a porta do apartamento.
“Meu pai nunca esqueceu aquilo. Ele me agradeceu durante vários dias”, ela contou.
Ela e seus pais conseguiram escapar da Alemanha no final da década de 1940. Eles fugiram inicialmente para a Itália, depois para a França e então, finalmente, chegaram aos Estados Unidos.
Mas nem toda sua família sobreviveu. Sua avó, que inicialmente deixou a Alemanha com eles, voltou para tentar ajudar outros membros da família a escapar. Morreu no campo de concentração de Terezin, na então Tcheco-Eslováquia.
Rubin disse que quando vê o ressurgimento de grupos neonazistas e supremacistas brancos hoje, “me parece inacreditável”.
A senhora de 89 anos disse que pendurou seu cartaz do protesto na porta de sua casa, para todos verem. Diz que a mensagem é dirigida ao presidente Donald Trump.
Muitos observaram que Trump – cujo próprio histórico de declarações inflamatórias foi vinculado a uma onda de ataques movidos por preconceito que aconteceu pouco após sua eleição – não condenou fortemente a supremacia branca no fim de semana.
Finalmente, na segunda-feira (14) o presidente declarou:
“O racismo é perverso, e aqueles que provocam violência em seu nome são criminosos, incluindo o KKK, os neonazistas, supremacistas brancos e outros grupos de ódio que são repugnantes a tudo que é caro a nós, como americanos”.
Mas, apesar de seus esforços para distanciar-se da violência do sábado, as evidências da promoção tácita da extrema-direita pelo presidente se espalhavam pelas ruas de Charlottesville. Sob a estátua do general Confederado Robert Lee, no Parque da Emancipação, havia cartazes de protesto com mensagens como “A imprensa judia está caindo”, “Os góis sabem”, “Somos a favor do presidente Donald Trump”.
Com um toque de humor e irreverência, Marianne Rubin disse que gostaria de dizer ao presidente: “Vá se f…r”.
“Meus filhos sabem o que quero dizer”, ela disse, dando risada. “Quero dizer: ‘Não faça o que o senhor está fazendo’.'”
*Este texto foi originalmente publicado no HuffPost US e traduzido do inglês.
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