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A cada 10 minutos uma mulher é vítima de violência em Santa Catarina

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Veja publicação original: A cada 10 minutos uma mulher é vítima de violência em Santa Catarina

 

Dados da Secretaria de Segurança Pública revela que os crimes mais praticados contras as mulheres são ameaça, lesão corporal e estupro

 

Por FÁBIO BISPO

 

Madrugada da última segunda-feira, 14 de agosto, mulher aciona o Samu depois que o filho assume ter dado uma facada na barriga da namorada, Alessandra Fischer, 15 anos, depois de uma discussão. A menina não resistiu e morreu no local, o rapaz de 18 anos fugiu. Segunda-feira, 1º de agosto de 2017, depois de passar no bar e chegar bêbado em casa, marido quebra o celular da mulher e atira ela escada abaixo, na cidade de Orleans, por ciúmes. Chapecó, 5 de julho, o corpo de Fabiana Diavan, 37, foi encontrado esfaqueado por familiares dentro do guarda-roupa. O marido, principal suspeito, fugiu para o Paraguai e se entregou depois de negociar o retorno ao país. Em Blumenau, no mês de maio, a vizinhança até chegou a ligar para a polícia, mas quando o socorro chegou à rua Nicolau Reiter , por volta das 18h, Leoniza Salete Pedrozo, 57, estava morta com um tiro na nuca. Só no primeiro semestre deste ano, segundo registros da SSP (Secretaria de Segurança Pública) de Santa Catarina, 26.213 mulheres vítimas de violência no Estado. Até chegar ao fim dessa reportagem, possivelmente uma nova vítima terá entrado para essa estatística.

Duas mulheres são mortas na Grande Florianópolis em menos de 24h; uma delas estava grávida de 37 semanas

Para a delegada Patrícia D´Ávila, é preciso uma transformação cultural para reduzir casos de violência - Flávio Tin/ND
Para a delegada Patrícia D´Ávila, é preciso uma t

 

Se tormarmos por base os casos que chegam ao conhecimento das autoridades, a cada dez minutos uma mulher sofre estupro, lesão corporal, ameaça, feminicídio ou outro tipo de violência. No entanto, os números podem nos revelar apenas uma fração da realidade. Com exceção do feminicídio, ne todos os demais casos de violência contra a mulher chegam ao conhecimento os órgãos de controle, seja por medo de mais represálias, por não acreditar na Justiça ou por não querer se expor em uma delegacia.

Nos registros por município, Florianópolis está no topo da lista da violência contra a mulher no Estado, com 1.860 casos relatados à polícia, resultando em 1.919 vítimas, sendo a maioria por crime de ameaça (797), lesão corporal (560) e estupro (86). No período, até 30 de junho, na Capital, os casos de feminicídio somaram 4 vítimas. Joinville, a maior cidade do Estado, registrou 1.722 casos de violência contra a mulher, enquanto Blumenau teve 1.377 casos.

Violência contra a mulher em SC em 2017

Redução da violência passa por discussão de gênero na escola e na família, diz delegada

Para a coordenadora das Delegacias de Proteção à Mulher de Santa Catarina, a delegada Patrícia Zimmermann D’Ávila, a redução dos índices de violência contra a mulher só são possíveis diante de uma transformação cultural: “Ainda hoje as famílias não discutem questão de gênero com os filhos. Nas escolas, o assunto ainda é polemico e se confunde questão de gênero com orientação sexual. E não é isso, é ensinar o respeito com a pessoa do outro sexo”, afirma. “Imagina a menina que cresce vendo a mãe apanhando do pai, quando ela crescer e sofrer o mesmo do companheiro vai achar que é algo normal, e não é”, emenda.

Patrícia diz que aumento de casos nas estatísticas, não significam necessariamento aumento dos casos de violência, isso porque históricamente existe um tabu sobre as denúncias. Segundo a delegada, a polícia catarinense tem se adaptado para tratar das questões específica que envolvem crimes de violência contra a mulher ou de gênero, ampliando a estrutura para atendimento e resolução dos casos. As novas turmas de agentes, por exemplo, contam com disciplinas de investigação policial de crimes de violência doméstica e familiar,  de crimes contra a dignidade sexual na academia.

“A Polícia Civil tem trabalhado forte na representação contra os acusados, com pedidos de prisões preventivas, com medidas protetivas, entre outros que acabam evitando o feminicídio”, diz.

No entanto, Patrícia confessa que ainda há muito que se avançar nos mecanismos de identificação dos crimes e dos criminosos. Ela cita como exemplo caso que ocorreu em junho deste ano em Chapecó, que terminou com a morte de Letícia Cibulski, de 18 anos. A jovem já havia registrado boletim de ocorrência por ameaça contra o companheiro em abril, quando teria pedido a separação, mas não requereu medida protetiva e não compareceu à audiência na Justiça. “A violência doméstica não é somente caso polícia. Em algumas situações seria necessária atuação de uma equipe multidisciplinar, que envolvesse Defensoria Pública e  Justiça. Se essa mediação da separação tivesse ocorrido na Justiça, imagino que o final poderia ter sido outro”, explica.

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