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Já conversou com sua filha hoje?

Saiu no site NET 10

Por Gleide Ângelo

Foto: Diego Nigro/JC Imagem

 

Com a vida agitada, tendo muitas atribuições e exaustiva jornada de trabalho, algumas mães não conseguem observar a mudança de comportamento e sofrimento da filha

 

 

No artigo de hoje falarei sobre casos de crimes sexuais sofridos por jovens e adolescentes, nos quais os autores são pessoas próximas da vítima, os chamados crimes de proximidade. Nos crimes de estupro, há muitos casos em que o autor é algum parente ou vizinho da vítima. Por medo ou vergonha, a vítima adolescente fica calada e não diz nada à mãe, continuando a sofrer esse covarde crime por muito tempo.

Analisando crimes onde adolescentes foram vítimas de estupro, observamos que o autor geralmente é alguém do seu convívio social. Sendo o pai, padrasto, irmão, primo e vizinho os mais recorrentes. Os criminosos se aproveitam da fragilidade das jovens e as estupram, com a ameaça de matar toda a família, caso elas denunciem. Pela inexperiência e imaturidade elas ficam amedrontadas e sofrem a violência em silêncio.

Com a vida agitada, tendo muitas atribuições e exaustiva jornada de trabalho, algumas mães não conseguem observar a mudança de comportamento e sofrimento da filha que continua sendo abusada pelo criminoso. E quando descobrem o que está ocorrendo, muitas perguntam as filhas porque elas não falaram que estavam sendo abusadas.

A RESPOSTA DE JULIANA

Essa resposta foi dada por Juliana (nome fictício) que foi abusada por um vizinho durante três anos. Quando perguntei a Juliana porque ela nunca denunciou o fato à mãe ou a algum parente, ela respondeu: “Ele disse que se eu falasse, ele mataria minha mãe e meus irmãos”. Com isso, três longos anos se passaram de muita dor, angústia e medo.

Junto à mãe, Juliana iniciou a conversa: “Quanto tinha 15 anos o vizinho entrou em casa perguntando pela minha mãe. Quando disse que estava sozinha, ele puxou uma faca, me ameaçou e me estuprou. Foi horrível, me senti a pior pessoa do mundo. Ele disse que se eu contasse a minha mãe, ele matava toda a minha família”. Raquel (fictício), mãe de Juliana disse que ela mudou o comportamento, não queria mais ir à escola, não conversava com as amigas. Mas Raquel nunca imaginou que fosse algo tão grave, “Jamais poderia imaginar que minha filha estivesse sofrendo esse tipo de violência. O vizinho continuava frequentando a minha casa, nunca imaginei que ele fosse um criminoso que estivesse violentando a minha filha.”

O tempo foi passando e Juliana estava ficando mais reclusa, sem querer sair de casa, ficando muito tempo chorando na cama. Raquel achou que Juliana estava com depressão e a levou a um psicólogo. Ela relembra: “Juliana não falou nada no psicólogo, chorou do começo ao fim. O psicólogo falou comigo e disse que algo muito grave estava acontecendo com Juliana, que tinha algo a angustiando e era grave. Que eu tinha que insistir e observar o comportamento dela, pois era algo muito próximo. Fiquei desesperada, pois não estava conseguindo ajudar a minha filha. Foram três longos anos de muita dor, muita resignação. Sofria com minha filha, e ela não falava o que estava ocorrendo.”

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Olhei para a minha filha e entendi o porquê de todo o sofrimento

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Certo dia, Raquel largou mais cedo do trabalho e foi para casa. “Quando cheguei em casa, abri a porta e ouvi barulhos no quarto de minha filha. Quando abri a porta, vi aquele criminoso com a minha filha. Não sei como tive forças para agir. Comecei a gritar pedindo ajuda, tirei-o de perto da minha filha. Ele tentou fugir, mas arrumei forças e o segurei. Nesse momento, vizinhos entraram na casa e o seguraram. Chamamos a polícia e o monstro foi preso. Olhei para a minha filha e entendi o porquê de todo o sofrimento. Não perguntei nada a Juliana, só a abracei e disse que eu estava ali.”

O vizinho criminoso foi preso em flagrante delito pelo crime de estupro e continua preso. Juliana está com 18 anos e faz tratamento psicológico. Ela está mais equilibrada emocionalmente e voltando ao convívio com os amigos. Perguntei a Juliana se em algum momento ela pensou em denunciar o vizinho à sua mãe, e ela respondeu: “Pensei, mas tinha muito medo, não queria que ele matasse minha mãe.”

É exatamente isso o que ocorre com pessoas que são vítimas desse crime covarde e cruel. Elas são ameaçadas e têm medo de denunciar. O temor é tão grande que a vítima tem medo de falar às pessoas mais próximas. Por isso, o papel da família e dos pais é de vital importância.

Amiga, se a sua filha mudar de comportamento, insista, converse, fique perto, acolha. Com a confiança ela terá coragem e lhe falar o que está acontecendo. É importante observar as pessoas que frequentam a sua casa. A observação e a conversa têm que ser diárias. Todos os dias pergunte se está tudo bem, quem são os seus amigos. Consiga a confiança de sua filha e ela lhe contará tudo o que está acontecendo em sua vida. Com isso, você poderá protegê-la de criminosos inescrupulosos e covardes. Mantenha-se atenta.

VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHA. A LEI MARIA DA PENHA IRÁ TE PROTEGER!

EM QUAIS ÓRGÃOS BUSCAR AJUDA VIOLENCIA CONTRA A MUHER:

» Centro de Referência Clarice Lispector – (81) 3355.3008/ 3009/ 3010

» Centro de Referência da Mulher Maristela Just – (81) 3468-2485

» Centro de Referência da Mulher Márcia Dangremon – 0800.281.2008

» Centro de Referência Maria Purcina Siqueira Souto de Atendimento à Mulher – (81) 3524.9107

» Central de atendimento Cidadã pernambucana 0800.281.8187

» Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal – 180

» Polícia – 190 (se a violência estiver ocorrendo) – 190 MULHER

*As colunas assinadas não refletem, necessariamente, a opinião do NE10

PALAVRAS-CHAVE:

notícias a mulher e a lei

 

 

 

 

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