Saiu no site: GELEDÉS
Por Patricia Gonçalves – site Catraca Livre
O mês em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha contará com uma abertura lacradora. Em comemoração a data, dia 25 de julho, cantoras, percussionistas, dançarinas e dj’s se apresentam no Julho das Pretas: abertura das atividades para o #25DeJulho, dia 1 de julho, às 19h, no Aparelha Luzia.
Ao longo do mês, uma série de reportagens no Catraca Livre ilustram as demandas, cultura e curiosidades de várias mulheres que circulam entre fronteiras muitas vezes desconhecidas, através do #Afrolatinas.
A marcação internacional do dia foi feita em 1992, após o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, criação da Rede que leva o mesmo nome. No Brasil, a data também sinaliza o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu no Estado de Mato Grosso durante o século XVIII. Aqui, o momento tem sido cada vez mais enfatizado pelas ativistas, como afirma a jornalista Juliana Gonçalves, que faz parte do organizativo da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo.
“Reunimos uma série de entidades, coletivos e mulheres negras autônomas para proporem atividades nos quatro cantos da cidade durante todo o mês de Julho. Falaremos sobre maternidade, militância, religiosidade. Em formato de rodas de conversa, oficinas, sessão de cinema, etc. A ideia é fazer alguns debates necessários e ao mesmo tempo construir diálogo e base para marcharmos dia 25”. Ano passado, a marcha passou pelo centro de São Paulo e reuniu cerca de 3 mil mulheres nas ruas da capital.
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Créditos: Rovena Rosa/ Agência Brasil
Na programação, ao longo da noite, quem passa pelo palco do Aparelha Luzia — importante espaço dos ativistas, artistas e comunidade negra — são mulheres que lutam pelo reconhecimento através da arte, uma delas, a atriz e cantora Josi Lopes.
“A importância que eu vejo do dia 25 e a minha carreira é o dizer! O espaço pra você se comunicar, eu escolhi me comunicar através do som. Estou indo compartilhar isso, esse poder e autoconhecimento através da música, nesse evento que abre um dia importante para nós mulheres pretas, é um start”.
Créditos: Jazz House
A maioria das mulheres em destaque na programação do evento possuem trabalhos independentes e este é um espaço importante para quem busca o reconhecimento, já que dentro do meio artístico também é possível encontrar o racismo, machismo e outras questões, como destaca Josi.
“Eu vim pra São Paulo para fazer a Nala, do Rei leão, que é o maior musical da Broadway. Eu fui coro em outro musical e nesse eu consegui um papel de destaque da peça, mas a próxima peça, eu não sei o que vou fazer. Tem essa questão da instabilidade que a artista tem, que a artista negra tem. Não são todas as produções que nós podemos trabalhar. Precisamos ter consciência de quem a gente é, e estar nesses lugares. Com toda certeza todas as pessoas vão te testar, testar seu talento e não é pra gente mostrar serviço para os outros, mas é pra ser quem você é mesmo”.
Atualmente, a cada ano, as comemorações aumentam e ganham destaque em todo Brasil. Fruto de uma articulação de mulheres negras que buscam qualidade de vida entre elas e para as que estão por vir.
“Esse evento feito totalmente pela militância de mulheres negras, vai agregar várias mulheres negras no palco e no público. É a oportunidade de nos imaginarmos, nos fortalecermos e construirmos juntas, uma ofensiva a esse projeto de sociedade racista e machista. É um evento de nós, por todas nós”.
Veja publicação original: O mês das mulheres negras latino americanas e caribenhas