Saiu no site: MINISTÉRIO PÚBLICO DE SP
Na manhã desta terça-feira (4/7), terminou mais uma edição do projeto “Tempo de Despertar”, realizado no Fórum Regional da Penha, na zona leste da capital. Dezoito homens acusados de terem cometido violência contra suas mulheres e/ou companheiras participaram da iniciativa.
O projeto “Tempo de Despertar” foi idealizado pela promotora de Justiça Gabriela Manssur em 2010 e desenvolvido pela Promotoria de Justiça de Taboão da Serra. O objetivo é o de orientar, por meio de palestras e trabalho coordenado, autores de violência contra a mulher, cujos inquéritos policiais ou processos criminais por violência doméstica estão em andamento.
Dados estatísticos do núcleo mostram que, entre 2014 a 2016, a reincidência passou de 65% para 2%. O sucesso da iniciativa resultou na lei municipal Tempo de Despertar (nº 2.229/15), que torna obrigatório o programa de ressocialização do autor de violência contra a mulher. A prática já é adotada em alguns países com resultados bastante satisfatórios
A quarta edição foi desenvolvida pelo Núcleo de Combate à Violência Doméstica Contra a Mulher (Gevid) – Leste. Os homens acusados de violência doméstica tiveram a oportunidade de conversar com psicólogos, abordando diversos temas e, com isso, refletir sobre as próprias condutas e alterar o comportamento. Dos vinte e oito intimados, dezessete compareceram em todos os encontros.
Entre as causas mais alegadas como justificativas para a prática da agressão, estão o fato de terem presenciado violência contra a mulher na infância e por estarem sob efeito de álcool e/ou droga.
Na Penha, quem coordenou o grupo de reflexão de homens foi o filósofo Sérgio Barbosa e a coordenadora dos Direitos da Mulher de Taboão da Serra, Sueli Amoedo. Todos eles fazem parte do projeto “Tempo de Despertar – Ressocialização do Agressor”. É primeiro grupo de reflexão desse tipo instalado na região pela Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Região Leste 1 (Penha e Tatuapé) e pelo Gevid Leste. Nos grupos, também foram discutidos o uso de álcool e o desemprego, entre outros assuntos.
“A maior beneficiada pelo projeto ‘Tempo de Despertar’ é a mulher. A aproximação dos agressores com profissionais especializados que compõem a rede protetiva é indispensável para informá-los sobre a desigualdade de gênero, direitos das mulheres e os papéis que mulheres e homens desempenham atualmente na sociedade, numa tentativa de desconstrução do machismo”, afirma a promotora Gabriela Manssur.
O programa tem como público-alvo homens que estejam respondendo a inquérito policial, procedimento de medidas protetivas, prisão em flagrante e/ou processos criminais em andamento – com exceção de agressores que estejam com sua liberdade cerceada, tenham praticado crimes sexuais, sejam dependentes químicos com comprometimento, portadores de transtornos psiquiátricos e autores de crimes dolosos contra a vida.
Também participaram dessa edição o juiz diretor do fórum da Penha, Paulo Roberto Fadiga, e a juíza Claudia Félix.
Veja publicação original: Na Penha, projeto “Tempo de Despertar” tem a sua quarta edição