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POR DANIELA FRABASILE
Em primeiro lugar, Naisha afirmou que é preciso olhar para sucesso e poder de uma forma diferente do que se vê hoje. “As pessoas pensam no poder como se fosse uma torta – você pega um pedaço e sobra menos torta para as outras pessoas”, brincou. “Eu não acredito nisso, penso mais em um sistema de constelação, eu posso brilhar ao mesmo tempo em que dou espaço e ajudo outras pessoas a brilhar também”, disse.
O que impede o avanço das mulheres?
Há uma diferença importante, segundo a professora de Harvard, no modo como as mulheres se mostram no mercado de trabalho. “Os homens pensam que podem fazer tudo, mas as mulheres têm dúvidas mesmo quando têm a qualificação necessária”, comentou.
Outro ponto que dificulta a inserção das mulheres em papeis de liderança é a imagem que se tem de um líder. “À liderança são ligadas características masculinas, o líder é assertivo, dominante, duro”, diz Naisha. E quando uma mulher apresenta essa características, é taxada como “masculinizada” e as pessoas não têm afinidade com essa chefe.
A falta de empregos com flexibilidade de horário é outro problema, defende Naisha. E isso não é bom apenas para as mulheres. Criar vagas com horários flexíveis, diz ela, reduz o absenteísmo e permite que os profissionais gerenciem suas carreiras e prioridades pessoais. “Não é só para quem tem filhos, mas talvez para alguém que tenha pais mais velhos que precisam de cuidados, ou que querem cuidar de animais de estimação”, diz.
Por fim, a falta de modelos femininos em cargos de liderança. Um estudo citado por Naisha mostrou que dois terços das mulheres sentem que a falta de modelo é um obstáculo para o avanço na carreira profissional.
O que fazer?
Planeje sua carreira e crie sua marca pessoal, defende Naisha Bradley. Em primeiro lugar, ela diz que as mulheres precisam se planejar para alcançarem o que querem – algo que os homens costumam fazer, mas as mulheres ainda não. Nesse quesito, é preciso ser responsável pelo seu próprio desenvolvimento profissional. “Identifique oportunidades, encontre formas de crescer em seu emprego e seja estratégica, crie oportunidades fora de seu emprego”, explica. Em segundo lugar, ela diz que é preciso criar uma marca pessoal, aquilo que você mostra como profissional, o que inclui o trabalho, a apresentação e a atitude.
Depois disso, é crucial trabalhar no networking. E, para se destacar, é importante contar com mentores e patrocinadores, como ela explicou. “Os seus mentores precisam ser diversos e terem um relacionamento pessoal com você, já os patrocinadores não te conhecem pessoalmente, mas sim a sua marca e decidem apostar em você com base na sua marca”, explicou. As mulheres, segundo ela, costumam ter muitos mentores, mas poucos patrocinadores – o contrário do que ocorre entre os homens.
Para comunicar sua marca pessoal, contudo, é preciso ter confiança, ou pelo menos fingir que tem. “A falta de confiança pode acabar com qualquer vantagem que você tem”, diz Naisha. “Saiba seu valor e comunique o que você faz com o peso que merece”. Isso significa, por exemplo, dar detalhes sobre o seu trabalho e suas responsabilidades, em vez de dizer apenas que você é “responsável pela logística de eventos”. Fale sobre a concepção, organização, divulgação e avaliação de experiências de marcas diversas.
O que as empresas precisam fazer?
As empresas, claro, têm um papel importante em criar oportunidades para que as mulheres se desenvolvam em suas carreiras. Nesse sentido, lembra Naisha, é essencial buscar mulheres nos processos seletivos. “Se há uma vaga de marketing e há cinco homens, é preciso voltar ao começo”, disse. “Há alguma mulher que merece estar no processo, nem estou falando que você precisa contratar”.
E as mulheres que conseguem postos de liderança também podem contribuir. Foi para elas que Naisha deixou seu apelo: “Crie oportunidade para outras mulheres e para que elas cresçam com você, os homens fazem isso todos os dias”.
Por fim, as empresas têm o dever de celebrar as mulheres que estão presentes, para criar e divulgar modelos para que outras mulheres possam ver as oportunidades.
(FOTO: LIANE NEVES/DIVULGAÇÃO MARIE CLAIRE)
Publicação Original: O que as mulheres podem fazer para conseguir chegar no topo das empresas