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Wikimina resgata 500 biografias de mulheres que mudaram o mundo
POR NATHALIA ZACCARO
Por que é tão mais fácil citar nomes de homens lembrados por mudarem o mundo do que de mulheres? Tá na cara que o mundo não foi evoluiu só na base da testosterona. Porém, a falta de representatividade feminina em diversas áreas alimenta a ideia de que sim. Tal constatação motivou a galera do Flama, um estúdio de design de Brasília, a pesquisar e reunir 500 mulheres incríveis, do passado e do presente, cada uma delas representada por uma pequena bolinha cor de rosa em um gráfico organizado em dois eixos: período histórico e área de atuação. Esse trabalho deu origem ao Wikimina, uma plataforma online lançada em abril com a ideia de dar visibilidade à essas muitas mulheres que são referência em diversas esferas, mas quase ninguém lembra que existiram tampouco de citá-las. “Foram três meses de pesquisas para levantar os nomes que incluímos no projeto”, conta Lucas Coelho, um dos fundadores do Flama.
Frida Kahlo e Simone de Beauvoir dividem espaço, por exemplo, com a educadora e ativista argentina Eliana Gonzales Morales e a advogada feminista Marianne Beth, que já lutava pelos direitos das mulheres na Áustria de 1920. “Representatividade feminina é empoderamento. É importante que as garotas que estão planejando um futuro profissional saibam que podem ser o que quiserem, não há limites”, conta Michelle Protzek, outra idealizadora do projeto.
Segundo as pesquisas do pessoal do Wikimina, a tecnologia é hoje umas das áreas mais problemáticas quando o assunto é a valorização do trabalho feminino. A cientista da computação Camila Achutti enfrentou essa realidade de frente. “Precisei pesquisar para descobrir que foi uma mulher que inventou a programação de computadores. Depois disso, tive força pra peitar quem me olhava torto: ‘ei, você não vai dizer que não nasci pra isso, não vai tirar isso de mim’.”
Essa descoberta também fez Camila se envolver diretamente com a causa e hoje ela organiza workshops de programação para mulheres interessadas no assunto. “Tecnologia é um mercado crescente e, se cairmos nessa, de que não é coisa de menina, vamos perder muitas oportunidades, não só dentro desse universo, mas em todos”, afirma.
Tá mais do que provado que lugar de mulher é onde ela quiser chegar. Por isso, iniciativas como Wikimina podem ser um ótimo jeito de buscar inspiração para as minas que vão continuar mudando o mundo. Abaixo, três personalidades que os criadores da plataforma indicam para você começar sua viagem pela história que até livros de história muitas vezes esquecem de contar.
Ada Lovelace
1815-1852 / Inglaterra
Ada Lovelace foi, simplesmente, a primeira programadora da história. Não a primeira mulher, mas a primeira pessoa a programar algoritmos para serem interpretados por uma máquina. Sua mãe era estudiosa de matemática e, desde sempre, Ada teve uma criação científica. Em 1842, ela escreveu notas em que descreve como uma máquina, que estava sendo construída por um colega, poderia computar os números de Bernoulli, uma sequência de números racionais. Ela morreu em 1852, sem estar sequer perto de ter sua descoberta reconhecida. Mais de cem anos depois, em 1953, as notas de Lovelace foram republicadas e tratadas como a descrição do primeiro software da história.
Valentina Tereshkova
1937 / Rússia
71 horas foi o tempo que Valentina passou no espaço, dentro da da espaçonave Vostok VI. Em 1963, ela entrou para a história como a primeira cosmonauta a sair do planeta sozinha. Hoje, aos 80 anos, ainda é uma figura pública ativa na cenário político russo.
Eileen Gray
1878- 1976 / Irlanda
Gray ajudou a dar forma ao modernismo na arquitetura e no design. Foi reconhecida internacionalmente por seu trabalho, feito inédito para uma mulher do início do século. Em 1929, projetou uma das casas mais famosas do século 20, a E1027, que influenciou grandemente a obra de Le Corbusier. Bissexual, aventureira e destemida, foi uma mulher inspiradora.
Publicação Original: AS GAROTAS QUE FIZERAM HISTÓRIA, MAS NINGUÉM SABE