Sabe aquelas pessoa que ficam voando em um túnel de vento e fazem manobras bem radicais? Então, estamos falando do paraquedismo indoor, uma modalidade esportiva que tem chamado a atenção e ganhado destaque no mundo todo, principalmente na Europa.
A Cosmopolitan Brasil teve a oportunidade de entrevistar Inka Tiitto, uma finlandesa considerada uma das melhores nesse ramo, campeã Mundial de Paraquedismo Indoor Freestyle 2015 e Campeã da Copa Mundial de Paraquedismo Indoor 2016, que mistura arte e esporte de forma a deslumbrar os olhos de qualquer um.
Como você começou a praticar o paraquedismo indoor?
Eu estava fazendo voo livre antes de entrar no tubo, estava enfrentando altas alturas, então estava treinando antes de chegar a esse ponto. Essa é a forma como acabei voando e eu acabei amando, então eu passei a fazer isso para viver. Eu comecei dançando, quando eu tinha 3 anos, então eu pratiquei a dança por muito tempo antes de me tornar uma profissional no que eu faço. Isso me ajudou, claramente. Porque fazer o que eu faço é como dançar no ar e sem o repertório de dança que eu tinha, as coisas seriam muito mais difíceis para aprender, me preparar e me tornar capaz dos movimentos.
Como é a pontuação do esporte?
Existem as pontuações para a apresentação e para as técnicas. A parte difícil de apresentar hoje em dia é que está desenvolvendo muito rápido. No entanto, quem está os julgando? Não há juízes que voam melhor do que os melhores competidores. Nos outros esportes, existe uma razão para o julgamento porque ele existe há muito tempo e já fizeram tudo do que estão fazendo hoje em dia. Aí eles entendem os juízes. Então, atualmente, eles não sabem o nível de dificuldade do que estamos fazendo. Como uma pessoa que nunca esteve lá, sabe como é voar?
Você era bailarina. Como arte e esporte se misturam?
Eu costumava trabalhar como uma dançarina, então eu me considero como uma dançarina. Para mim, voar é como uma performance de arte. No entanto, isso ainda é um esporte, porque nós só temos esportistas competindo. Eu gosto de levar o que faço mais para essa direção artística. Eu faço projetos que são mais performances que criam arte do que uma competição. Porque nas competições, é como se você faz algo e os juízes estão ali, observando, o que é uma limitação. No entanto, quando você faz performances você pode se expressar e realmente voar como quiser. É uma grande diferença.
Como é seu treino para praticar o voo?
As pessoas normalmente estão focadas em quando elas se tornarão boas voadoras, focadas no tempo em que gastam para isso. No entanto, a maior parte do trabalho é feito fora dos túneis de vento. Porque se você não é flexível o bastante, você não conseguirá, ou se você não é forte o bastante para treinar muito, não funciona. Então, é um esporte e se você quer ser bom nisso, você precisa ser um atleta. Você tem que ter certeza de que sua dieta não é pizza e cerveja e atualmente esta trabalhando fora.
Eu faço muitas coisas para cuidar da flexibilidade e força, então pratico exercícios circenses, que são divertidos e me ajudam no que eu preciso. Eu danço, faço yoga – que é a melhor coisa para voar. Eu tento treinar diariamente e minha dieta é, em sua grande maioria, vegana. São sou muito específica quando se trata disso, mas, ser vegana para mim, é comer saudavelmente. Eu descobri que essa comida me ajuda, sabe? Não me intitulo vegana só para dizer que sou.
Como você se sente enquanto está voando?
Eu costumava dançar com um parceiro, e quando você está voando, o vento é seu parceiro; e os melhores movimentos são quando você se conecta com isso. Você não está sozinha enquanto está voando. Você não pensa em nada fora do túnel, não há uma forma de você chegar lá e ficar pensando no que tem que fazer, é como meditar. A vida é tão ocupada para todo mundo, então é importante ter um momento para você mesmo.
Quais são as dificuldades que você já encontrou durante a prática do esporte?
Quando você olha para alguém voando, você imagina que seja algo muito confortável e simples, no entanto não é assim. Você não pode demonstrar que está forçando seus músculos, porque isso tem que ser aparentemente bonito.
Às vezes os túneis são bem frios e fazer tudo que você precisa fazer lá dentro é complicado. Acho que isso é minha maior preocupação. É um espaço pequeno, então prefiro ficar focada em não bater meu corpo nas paredes.
Você se considera feminista?
Voar era, definitivamente, um esporte de homem quando eu comecei, é difícil ver mulheres praticando isso. Era impossível para uma garota conseguir emprego como instrutora de voo. Eu nunca consegui esse emprego, então tive que buscar maneiras alterativas para ensinar pessoas, mas eu definitivamente eu sou feminista no esporte, porque eu sei quão difícil isso foi pra mim e como demora para ser reconhecida como uma boa voadora quando se é uma garota. Eu gostaria de ajudar outras garotas a conseguir isso, ir além e construir uma carreira.
Nos últimos anos teve uma diferença, ainda há mais homens nas competições, mas eu acho que agora as mulheres tem provado que nós temos o que é necessário. Então não é mais tão difícil, como era antes.
(Still/Divulgação)
Publicação Original: Conheça Inka Tiitto, a campeã do paraquedismo indoor