Saiu no site HUffPost Brasil:
No ambiente de trabalho, quando uma mulher decide ter filhos, a grande preocupação de todos ao redor dela é quase sempre a mesma: a retomada das suas funções em sua volta ao trabalho. Como ficará seu time e suas responsabilidades? E o desenvolvimento da sua carreira?
Via de regra, a maior parte assume que “ela não vai voltar”, “ela agora precisará se focar nas crianças”, “ela não vai mais ter tempo”, “agora ela tem coisas mais importantes para se preocupar”. Acredito que precisamos parar de olhar para as muitas razões pelas quais a mulher não voltaria para o ambiente de trabalho após ter filhos e focar no que nós deveríamos estar fazendo para que ela tenha vontade de voltar.
Cada gestação é diferente. Não existem regras e padrões. Nós, como líderes, não devemos rotular nossas profissionais. Entretanto, apesar de estar ciente disso, vejo que é comum às lideranças nas grandes corporações “protegerem” e consequentemente “diminuírem” suas profissionais grávidas.
Dizemos para que esqueçam de seus afazeres, suas responsabilidades e suas carreiras e acabamos por menosprezá-las ao supor que elas não vão conseguir equilibrar suas funções profissionais com essa nova fase da vida. Dizemos para que, como num passe de mágica, ignorem tudo o que elas construíram e conquistaram em suas carreiras para se concentrar em suas novas vidas de “felicidade plena”.
Dizemos muitas coisas que, por convenção, acreditamos que as fariam se sentir mais confortáveis nessa nova fase, mas não lhes damos motivos reais para voltar às suas posições. Nem toda mulher deseja abrir mão da sua vida profissional após a maternidade, e devemos estar atentos a isso.
Precisamos reengajar e reconectar esses talentos com o seu trabalho e suas empresas. Sim, elas fizeram um ser humano – e isso é incrível – mas talvez tenham o desejo de ocupar mais espaços além do cargo de mãe. Neste momento, mais que nunca, o tempo é precioso. É nossa responsabilidade dar a elas ferramentas, flexibilidade e apoio para que possam continuar exercendo seu potencial e crescendo em suas carreiras.
O momento da maternidade muda a vida de uma mulher (do homem e da família também), muda o senso de prioridade e do que realmente é importante. Essa mulher vai querer investir seu tempo em um lugar que a desafia e que a torna ainda melhor.
Ela vai querer estar onde é respeitada, apoiada e onde sua contribuição é valorizada. Em uma empresa onde a recompensa se dá com base em seus méritos e resultados e não ao fato de que ela estará ausente por algumas semanas ou meses. Finalmente, essa mulher vai querer estar em uma empresa em cuja cultura e em cujo propósito acredita, onde possa ver espaço para o crescimento e desenvolvimento a longo prazo.
Portanto, não é “normal” que todas as futuras mães não queiram voltar a trabalhar depois de terem filhos. Pré-conceber isso é não resolver o problema real.
Da próxima vez que você tiver um talento na sua equipe prestes a virar mãe, pare de pensar nas muitas razões pelas quais ela não vai querer trabalhar com você e comece a pensar no que você pode fazer para que ela queira voltar. O que você e sua empresa podem fazer para garantir que ela retorne? Se ela não voltar para a sua empresa, ela muito provavelmente voltará para outra.
E, finalmente, cuidado. Este não é um “erro exclusivo do homem”. Levei duas gravidezes minhas e várias outras sob minha liderança para começar a entender e agir sobre isso. Precisamos cuidar das nossas mulheres da forma que elas merecem.
*Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do HuffPost Brasil e não representa ideias ou opiniões do veículo. Mundialmente, o HuffPost oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.
Publicação Original: A licença-maternidade não é apenas sobre ficar em casa, mas também sobre querer voltar