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Por Jamile Santana, G1 Mogi das Cruzes e Suzano
De acordo com a delegada da Mulher, Valene Bezerra, seis inquéritos foram abertos.
O operador Davi Ferreira dos Santos, de 51 anos , morto na terça-feira (16) em um confronto com a polícia após assassinar a tiros a ex-esposa, a professora Terezinha Cristina Gentil dos Santos, de 53 anos, era acusado de violência doméstica contra a mulher em seis inquéritos policiais, três deles ainda em andamento no Fórum de Mogi das Cruzes. O primeiro boletim de ocorrência foi registrado pela professora em 2013.
Segundo a delegada responsável pela Delegacia da Mulher da cidade, Valene Bezerra, a vítima já havia registrado quatro boletins de ocorrência contra o ex-marido, o primeiro em 2013 e o último em fevereiro deste ano, após ele descumprir a medida protetiva que determinava a sua saída de casa.
A medida foi concedida pela Justiça em outubro, mas nunca houve um pedido de prisão, segundo a delegada. “Ele era uma pessoa agressiva, desequilibrada e alcoólatra, mas não havia elementos que justificassem a gravidade da situação a ponto de pedir sua prisão preventiva, já que ele na maioria das vezes, usava de ameaças e perseguições e não de agressões físicas. Por isso, a Justiça e ela própria entenderam que não havia necessidade de pedir a prisão”, destacou Valene.
Em fevereiro, quando Davi foi notificado da decisão judicial que determinava sua saída de casa, Terezinha precisou procurar novamente a Delegacia da Mulher para denunciar a desobediência. “Assim que o oficial de justiça saiu da casa, ele voltou e quebrou tudo. A Terezinha veio até a Delegacia da Mulher para registrar um boletim de desobediência, durante o horário de trabalho e acompanhada por uma colega da escola. Nós oferecemos um abrigo pra ela, mas ela recusou. Então saiu de casa e foi morar com a mãe, até conseguir o apartamento novo que o ex-marido, lamentavelmente, descobriu o endereço nesta semana. Nós esgotamos todas as possibilidades de ajuda possíveis. O que aconteceu foi uma fatalidade”, destacou a delegada.
Prevenção e lei
Infelizmente pessoas próximas ao convívio de uma mulher vítima de violência também ficam de mãos atadas e pouco podem fazer para ajudar, segundo Rosana de Santana Pierucetti, advogada e presidente da ONG Recomeçar, que presta assistência às mulheres vítimas de violência.
“As pessoas têm as suas próprias vidas e fica complicado manter vigilância 24 horas por dia para ajudar quem está sendo ameaçada. Então, não temos outra alternativa a não ser a intensificação das leis de proteção, porque se não há fiscalização, essa proteção se perde no meio do caminho. Mogi das Cruzes precisa agilizar a implantação da Patrulha Maria da Penha na Guarda Municipal, que acompanharia os casos mais graves, e a Justiça poderia adotar o botão de pânico, para casos onde as ameaças e perseguições são mais comuns. É um investimento pequeno em vista no volume de vidas que poderemos salvar. Nem sempre a morte vai se resumir à mulher. No caso da professora, por exemplo, outras pessoas poderiam ter morrido. É um problema social e grave que afeta à todos”, destacou.