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Levantamento traz dados sobre relacionamentos, machismo, pressão social, empoderamento e autoestima feminina
O dado alarmante de que 49% das mulheres já sofreram algum tipo de violência em algum momento de suas vidas durante relacionamentos interpessoais lança luz sobre uma realidade sombria e profundamente preocupante. O levantamento “Elas por elas – Testemunhos e reflexões das mulheres sobre suas percepções e vivências na sociedade em múltiplos contextos”, feito pela MindMiners, revela não apenas a extensão assustadora da violência de gênero, mas também a persistência de padrões nocivos e opressivos em muitas dinâmicas de relacionamento.
Dados da Agência Brasil também mostram que ao menos oito mulheres foram vítimas de violência doméstica a cada 24 horas em 2023. “Esse número não só destaca a urgência de abordar a questão da violência contra as mulheres, mas também ressalta a necessidade de se criar espaços seguros e empoderadores onde todas as mulheres possam viver livres do medo e da intimidação. Nunca se falou tanto de violência contra mulher como temos escutado atualmente. A verdade é que desde que a mulher é mulher, elas lutam e tentam ao máximo combater a violência,” explica a psicanalista e CEO do Ipefem (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas), Ana Tomazelli.
Relacionamentos: expectativa x realidade
A grande maioria das mulheres (56%) está atualmente em um relacionamento estável, refletindo um alto nível de comprometimento e vínculo emocional. Por outro lado, é curioso observar que 44% das participantes estão solteiras, apesar de mais da metade (51%) expressar o desejo de estar em um relacionamento estável.
Essa discrepância sugere uma lacuna entre as expectativas e a realidade das experiências de relacionamento, evidenciando possíveis desafios na busca por parceiros compatíveis.
Não é surpreendente, portanto, que mais da metade (53%) das respondentes enfrentem dificuldades para encontrar alguém que esteja interessado em um relacionamento sério, apontando para a complexidade das interações afetivas no cenário atual.
Além disso, os dados revelam questões sensíveis relacionadas à confiança e à fidelidade nos relacionamentos. 50% das mulheres admitiram ter sido traídas em algum momento, enquanto 21% confirmou terem traído seus parceiros.
Esses números destacam a importância da comunicação aberta e da construção de confiança mútua nos relacionamentos, bem como a necessidade de abordar questões subjacentes que possam levar à infidelidade.
Toda hora é hora de combater o machismo
A percepção generalizada de que o mundo, e especialmente o Brasil, é bastante machista é alarmante, com 6 em cada 10 mulheres compartilhando essa visão. Esse sentimento é ainda mais pronunciado entre a geração Z, destacando a importância de abordar o machismo de maneira eficaz para criar um futuro mais igualitário.
Além disso, o fato de que 4 em cada 10 mulheres convivem com pessoas machistas e 15% consideram seus parceiros(as) machistas destaca a persistência desse problema em níveis individuais e interpessoais. No entanto, é encorajador notar que 14% das respondentes já tiveram comportamentos machistas e buscaram mudar, demonstrando uma disposição para o crescimento e a transformação pessoal.
“Nosso papel, como empresa de pesquisa, é dar visibilidade a temas importantes como esse. Os dados do estudo mostram que precisamos de mudanças urgentes. Como mulher, acredito que, para combater o machismo enraizado na sociedade, é essencial uma abordagem multifacetada que inclua educação, conscientização e ação concreta. A responsabilidade de promover a igualdade de gênero recai sobre todos, incluindo empresas e marcas”, comenta a CMO da MindMiners, Danielle Almeida.
A executiva também destaca o quanto é crucial que as marcas estejam atentas ao papel que desempenham na perpetuação ou combate ao machismo, implementando medidas que promovam a diversidade, a inclusão e o respeito. “Isso inclui não apenas evitar estereótipos de gênero em suas campanhas publicitárias, mas também adotar políticas internas que combatam o machismo no ambiente de trabalho e oferecer suporte às mulheres que enfrentam discriminação”, afirma.
Enfrentando as pressões sociais
As pressões sociais exercem uma influência significativa sobre as escolhas e trajetórias de vida das pessoas, muitas vezes limitando sua liberdade e autonomia. Segundo o estudo, uma parcela considerável da população (38%) sente uma forte pressão para encontrar um parceiro e estabelecer um relacionamento sério ou casamento, refletindo a persistência de normas sociais que valorizam a vida conjugal como medida de sucesso pessoal.
Além disso, 35% relatam sentir pressão para terem filhos, evidenciando como as expectativas sociais em torno da maternidade podem exercer um peso significativo sobre os indivíduos, independentemente de suas próprias aspirações e desejos. “Nesse contexto, as marcas têm a oportunidade de desafiar essas normas restritivas e promover a diversidade de escolhas, oferecendo apoio e reconhecimento às pessoas que optam por seguir caminhos não convencionais em suas vidas pessoais e familiares”, analisa Danielle.